Seis meses após o deslizamento de terras no Faial da Terra, em São Miguel, nos Açores, a catástrofe que vitimou três pessoas ainda está “bem viva” na população embora a zona tenha sido, finalmente, toda limpa.
“Acho que não há dia nenhum que as pessoas, que viveram mais diretamente a situação, não se lembrem”, disse à Lusa o presidente da Junta de Freguesia, Paulo Nazaré, frisando que é inevitável não relembrar diariamente a tragédia, porque o local onde ocorreu o deslizamento está bem visivel tanto para quem “entra como para quem sai do Faial da Terra”.
No dia 14 de março um deslizamento de terras no lugar de Burguete, freguesia do Faial da Terra, concelho da Povoação, soterrou total ou parcialmente três casas e matou três pessoas. Na altura, outras casas da mesma zona, na base de uma encosta, foram evacuadas.
De acordo com o presidente da Junta de Freguesia, a zona já está finalmente “toda limpa” e “resta agora aguardar a decisão” das autoridades em relação ao local.
Uma das casas ficou totalmente destruída e as outras duas parcialmente, como lembrou o autarca, indicando que atualmente residem na rua do Burguete “10 familias”, já que “quatro casas não podem ser habitadas por estarem em risco”.
“Quatro famílias não podem voltar a habitar o local, segundo uma avaliação do Laboratório Regional de Engenharia Civil, pelo que foram realojadas noutras habitações na freguesia, logo após a tragédia”, lembrou Paulo Nazaré, acrescentando que as moradias que estão atualmente habitadas “são as mais afastadas dos taludes”.
Além da limpeza da zona das derrocadas, a câmara, em conjunto com os serviços de Ambiente e Florestais do Governo Regional, e na sequência de um relatório do Laboratório Regional de Engenharia Civil, já havia também cortado as árvores da encosta que está em cima do Burguete e procedeu à limpeza da vertente, para diminuir o risco de novas derrocadas.
Aos poucos, a população retomou as suas rotinas, reorganizou as suas vidas e contou com muitas manifestações de solidariedade da população açoriana e de emigrantes, mas “o grande teste” será no inverno, principalmente nas noites de mau tempo, como sublinhou Paulo Nazaré.
“Ainda estamos com bom tempo. Agora quando começarem as chuvas fortes aí é que será o teste e vamos ver como as pessoas reagem a estas noites”, salientou.
Lusa