“Estamos muito orgulhosos”, disse à Lusa Emanuel Gonçalves, líder da Expedição Oceano Azul e administrador da Fundação Oceano Azul.
Contactado telefonicamente pela Lusa, Emanuel Gonçalves explicou que a descoberta “foi uma felicidade”, mas os investigadores já tinham indícios.
“Havia indícios de que podia haver este tipo de atividade e termos selecionado esta região não foi por acaso. Mas não havia evidências, apenas indícios, foi uma felicidade”, disse o responsável à Lusa.
A expedição científica Oceano Azul começou no dia 03 e termina no próximo sábado e tem como objetivo explorar zonas ainda pouco conhecidas do mar dos Açores para promover a conservação marinha, no âmbito do programa “Blue Azores”.
E foi dentro dessa expedição que foi feita a descoberta, a 570 metros de profundidade, no monte submarino Gigante, a 60 milhas da ilha do Faial.
Questionado pela Lusa sobre a importância do campo hidrotermal, Emanuel Gonçalves explicou que o facto de ser pouco profundo e próximo do Faial permite investigações futuras de forma muito mais fácil. Os campos hidrotermais acessíveis são raros, salientou o responsável, explicando que são uma fonte “muito importante de informação” e podem por exemplo ajudar “a entender melhor questões como a origem da vida”.
Os campos hidrotermais (água quente vinda do interior da terra, rica em minerais) são zonas de grande riqueza biológica e mineral. São “verdadeiros oásis escondidos no oceano profundo, que normalmente são encontrados a quilómetros de profundidade e a centenas de milhas das zonas costeiras”, diz a Fundação Oceano Azul num comunicado a propósito da descoberta.
Nas declarações à Lusa Emanuel Gonçalves destacou ser a primeira vez que há uma descoberta do género feita por uma expedição de cientistas portugueses e com meios navais também portugueses. “É a primeira vez que uma descoberta assim resulta de uma conjugação de esforços de entidades nacionais”, disse à Lusa.
A expedição é organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a Waitt Foundation (proteção dos oceanos) e a National Geographic Pristine Seas (projeto para salvaguardar zonas intactas dos oceanos), e em colaboração com a Marinha Portuguesa através do Instituto Hidrográfico, o Governo Regional dos Açores e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.
Participam na expedição, além de cientistas nacionais de diversos centros de investigação e universidades, especialistas de universidades e instituições dos Estados Unidos, Austrália e Espanha.
Telmo Morato, coordenador da equipa da expedição Oceano Azul dedicada aos ecossistemas de profundidade, explicou, citado no comunicado, que “os camposhidrotermais são zonas onde emergem fluidos quentes frequentemente relacionados com vulcanismo, ricos em minerais que criam as condições para o desenvolvimento de um ecossistema único que não depende da luz do sol”.
E disse que o campo agora descoberto é composto por múltiplas chaminés de diferentes alturas e que os fluidos hidrotermais são transparentes, ligeiramente mais quentes que o exterior e ricos em dióxido de carbono.
Atualmente, são conhecidos oito campos hidrotermais profundos no mar Português ao largo dos Açores: “Lucky Strike” (o primeiro a ser descoberto, em 1992), “Menez Gwen”, “Rainbow”, “Saldanha”, “Ewan”, “Bubbylon”, “Seapress” e “Moytirra”, lembra o comunicado.
A Fundação Oceano Azul foi criada no ano passado com o objetivo de “reaproximar Portugal do mar”. O programa “Blue Azores” é uma pareceria com a Fundação e a Fundação Waitt a três anos para a promoção, proteção e valorização do mar dos Açores.
Lusa