Um projeto inovador de formação em competências básicas para desempregados e pessoas que abandonaram precocemente os estudos, envolve atualmente 220 pessoas nos Açores, muitos dos quais não sabem ler nem escrever, mas pretendem melhorar a sua empregabilidade.
“Não sabia ler, nem escrever, nem sequer fazer contas. Cheguei a ir para a escola à noite, mas não deu”, afirmou Marco Paulo, um dos alunos que frequenta em Ponta Delgada um dos cursos de formação em Competências Básicas, da Rede Valorizar, numa iniciativa do Governo dos Açores.
Marco Paulo, atualmente desempregado, chegou a trabalhar na construção civil e admitiu que “teve outras oportunidades de emprego”, que não se concretizaram porque “não sabia ler”.
“Nem uma fatura sabia passar”, frisou, salientando que deposita “grandes esperanças” nesta formação para “uma oportunidade melhor de vida”.
Luísa, também desempregada, descreveu com orgulho, “os passos” que vai dando na “escrita e nas contas”.
“Não tinha a quarta classe, estava no fundo de desemprego”, afirmou, admitindo que o facto de não saber ler nem escrever estava-lhe a “dificultar até a vida diária”.
Estes cursos da Rede Valorizar abrangem 220 alunos, num total de 10 turmas, com formação em português, cálculo, cidadania e informática, que ficam com o quarto ano de escolaridade, depois de concluírem o curso.
Para a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques, que hoje visitou três cursos na Ribeira Grande, na Lagoa e em Ponta Delgada, este “é um projeto inovador, que permite dotar os desempregados e pessoas que abandonaram precocemente a escola de competências básicas para melhorarem a sua empregabilidade”.
Ana Paula Marques sublinhou que esta “é uma forma de agir” em tempo de crise, dotando os desempregados de mais qualificação, indicando que “são mais de 700 os desempregados que não têm as competências básicas e estão inscritos na Agência de Emprego”.
A secretária regional anunciou a abertura, “em breve, de mais seis turmas na Ribeira Grande e quatro na Lagoa”, admitindo estender o programa a outras ilhas, além de S. Miguel e S. Maria.
Lusa