A Câmara do Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) considerou hoje que a taxa de desemprego na região, nos 17%, constitui “o corolário” do “colapso” da construção civil, setor que perdeu “mais de 10 mil postos de trabalho”.
“Não me surpreende muito. Era uma tendência que seria inevitável, porque a seguir ao colapso da construção civil, que perdeu mais de 10 mil postos de trabalho, teria de vir o colapso das indústrias associadas à construção civil e o comércio”, afirmou o presidente da CCIA, Mário Fortuna, em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada.
Mário Fortuna, que é também presidente da Câmara do Comércio e Industria de Ponta Delgada, reagia aos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o desemprego, que aumentou entre janeiro e março em todas as regiões, situando-se nos 17,7% a nível nacional e nos 17% nos Açores.
O economista considerou que o desafio agora é criar empregos “de forma sustentável no futuro”.
A estratégia, defendeu, passará por “criar mais empregos baseados não tanto numa procura interna, que é limitada aos recursos que afluem aos Açores, mas também alguma dependência adicional de mercados externos”, considerando “fundamental” a “capacidade de competir” da região.
“A componente imobiliária da nossa economia estagnou, o financiamento desapareceu e a capacidade das pessoas também se esgotou na obtenção de mais crédito”, disse, reiterando que as orientações defendidas pela CCIA vão no sentido de “melhorar a competitividade das empresas nos Açores” e a sua capacidade de “competir seja na substituição de importações, seja exportando”.
Por seu turno, o vice-presidente da Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA) disse que o desemprego no setor “estabilizou de certa forma”, apesar de continuarem a acontecer “muitos despedimentos”, mas frisou que “as empresas estão a tentar reestruturar-se ao máximo”.
“Já não se ouve falar naqueles despedimentos quase coletivos de 30 pessoas ou 20 pessoas”, acrescentou João Pedro Vieira.
Mário Fortuna e João Pedro Vieira falavam aos jornalistas em Ponta Delgada, após uma audiência com o presidente e o vice-presidente do Governo dos Açores por causa do orçamento comunitário para o período 2014-2020.
A taxa de desemprego nos Açores foi de 17% no primeiro trimestre de 2013, mais 0,8 pontos percentuais do que no trimestre anterior e mais 3,1 pontos relativamente ao período homólogo.
A nível nacional, subiu para os 17,7%, aumentando 0,8 pontos percentuais em termos trimestrais e 2,8 pontos face ao período homólogo de 2012.
Os Açores têm a segunda taxa de desemprego mais baixa do país, a seguir à região Centro (13,3%).
Relativamente ao trimestre anterior, nos Açores, diminuiu a população empregada em todos os setores de atividade: 8% no setor primário, 6,3% no secundário e 0,5% no terciário.
O mesmo aconteceu relativamente ao trimestre homólogo: 17,0% no setor primário, 17,3% no secundário e 0,5% no terciário.
Lusa