“Tenho muito interesse em trabalhar com os bordados da ilha Terceira, dos Açores, e tenho uma coleção planeada para começar e apresentar”, disse à Lusa Daniela Lopes, que trabalha a partir de Tracy, no vale central da Califórnia, onde há uma grande comunidade luso-americana.
“O bordado da ilha Terceira é um trabalho muito rico, e cada vez mais na moda este tipo de trabalhos são valorizados e fazem peças diferentes”, afirmou.
Daniela Lopes tem trabalhado com a comunidade portuguesa na Califórnia e foi responsável pelo ‘design’ e confeção das roupas de dança que a cidade de Hilmar levou ao Carnaval da Terceira. Este ano, esteve por detrás da roupa do grupo de dança que representou Manteca na convenção Luso-American em Palm Springs.
“Admiro muito a comunidade portuguesa, a força que tem de manter as suas tradições”, afirmou a ‘designer’. “Vejo os miúdos que são muito pequeninos, e se calhar nunca foram aos Açores, a terem aquele gosto de dançar e participar nas tradições”, continuou. “Acho muito interessante esta força que as pessoas têm de manter vivo o Portugal que há nelas”.
Em 2022, a ‘designer’ pretende apresentar a coleção “Legacy”, composta por vestidos de festa que têm uma abordagem diferente aos bordados regionais. Outro projeto passa por pequenas coleções de vestidos de noiva, uma área em que Daniela Lopes também tem trabalhado na Califórnia.
“Os Estados Unidos são um país muito grande. Acredito que possa vir a ter algum sucesso”, considerou.
Além do trabalho para a comunidade, Daniela Lopes pretende chegar a mais públicos e mostrar que “os bordados têm muito para dar” e são uma janela para a cultura portuguesa.
“Quero chegar a todo o tipo de público que aprecie este tipo de trabalho”, referiu. E acrescentou: “Fazer projetos que possam levar um bocadinho da nossa cultura, com os bordados, e adaptá-los a peças do dia-a-dia, peças contemporâneas que possam ser vestidas em várias ocasiões”.
A investida da ‘designer’ de 39 anos no mercado norte-americano aconteceu depois de uma carreira bem-sucedida nos Açores, quando Daniela Lopes sentiu que podia dar o salto.
“Cheguei a uma altura da minha vida em que pensei que podia fazer coisas diferentes, fazer um pouco mais”, contou. “Foi isso que me fez vir. Novos desafios com um público muito maior e muito mais possibilidade de aceitação”, frisou.
No mercado norte-americano há uma grande procura por talento na costura e confeção à medida, incluindo na comunidade luso-americana. “As pessoas que faziam costura já estão a ficar velhas e algumas já deixaram de fazer”, explicou a ‘designer’. “Há falta de pessoas a trabalhar na costura e na arte”.
Após os problemas colocados pela pandemia de covid-19, que levou ao cancelamento da maioria das festas e eventos das comunidades portuguesas, Daniela Lopes conta agora que a retoma acelere.
“Espero ter mais trabalho para a comunidade brevemente”, indicou. “Gosto de trabalhar para a comunidade portuguesa, fui muito bem recebida”, concluiu.
Lusa