Entre 2007 e 2011 foram detetados, em média, 1050 casos de cancro por ano nos Açores, segundo dados do Registo Oncológico Regional, divulgados hoje, que apontam para um crescimento de casos detetados.
“No início da década de 2000 estávamos nos 800, 850, portanto tem vindo a crescer aos poucos e poucos o número de casos detetados”, salientou, em declarações aos jornalistas, Gonçalo Forjaz, responsável técnico pelo registo oncológico nos Açores, à margem da apresentação, em Angra do Heroísmo, dos dados dos últimos cinco anos de que há registo.
O Registo Oncológico Regional dos Açores é realizado desde 1997 pelo Centro de Oncologia da região. Entre 2007 e 2011, foram detetados 5212 novos casos de cancro no arquipélago.
Segundo Gonçalo Forjaz, há várias interpretações para esse crescimento, como a maior capacidade de deteção da doença, devido aos avanços tecnológicos, o aumento dos residentes na região, o envelhecimento da população ou o aumento dos fatores de risco.
“Com a introdução do rastreio do cancro da mama, passámos de uma média de 100 novos casos por ano para uma média de 120, 130”, salientou, acrescentando que a região tem uma das maiores taxas de adesão aos rastreios do cancro da mama do país (65%) e será “muito difícil incrementar esta taxa”.
Ao contrário do que acontece no continente, em que o cancro do cólon e reto ocupa o primeiro lugar na incidência por tipos desta doença, nos Açores prevalece o cancro da próstata, onde se registaram 698 novos casos nos últimos cinco anos de que há dados.
De acordo com o responsável técnico do registo oncológico dos Açores, a região beneficia de um “efeito protetor da ruralidade”, para apresentar uma menor taxa no cancro do cólon e reto, que, ainda assim, surge como o quarto com maior incidência, com 478 casos no período apresentado.
O segundo cancro que mais afeta os açorianos é o do pulmão (636 novos casos entre 2007 e 2011), mas a diferença entre sexos ainda é grande neste caso, apesar de se ter registado um aumento nas mulheres.
Enquanto nos homens surgem por ano 110 novos casos de cancro do pulmão, nas mulheres esse número não ultrapassa os 16.
O terceiro cancro com mais incidência nos Açores é do mama, com 109 casos novos nos últimos cinco anos. Em quinto lugar surge o cancro do estômago, com 257 casos.
Segundo Gonçalo Forjaz, o Centro de Oncologia dos Açores conta apresentar no próximo ano “dados sobre a sobrevivência em relação aos 10 tipos de cancros mais comuns”, o que só será possível, acrescentou, devido à elevada taxa de acompanhamento dos casos detetados.
Um dos tipos de cancro mais preocupantes nos Açores é o do pulmão, que apresenta “as mais altas taxas de incidência e mortalidade” do país, mas o responsável técnico do registo oncológico dos Açores acredita que essa tendência vai sendo “contrariada” pela implementação da lei antitabágica.
Nesse sentido, o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, lançou um apelo ao Centro de Oncologia dos Açores para que desenvolva “programas eficazes de prevenção do tabagismo”, na esperança de que os próximos números do rastreio apresentados possam detetar uma diminuição deste tipo de cancro.
Segundo Luís Cabral, o executivo açoriano vai investir cerca de 120 mil euros para que seja possível avançar em 2014 com o rastreio ao cancro do cólon e reto.
No âmbito dos rastreios já realizados pelo Centro de Oncologia dos Açores, foram feitos 55 mil exames, em relação ao cancro da mama, e 24 mil, em relação ao cancro do colo do útero.
Lusa