Detidos são “familiares muito próximos das vítimas”

As duas pessoas detidas na zona de Coruche pela PJ por manterem durante 14 meses em cativeiro uma idosa de 66 anos e o seu filho portador de deficiência profunda são “familiares muito próximos” das vítimas, revelou à Lusa fonte policial.

Segundo a mesma fonte, os dois detidos, nascidos em 1961 e 1964 e ambos sem antecedentes criminais, mantinham a idosa e o filho deficiente sequestrados no interior de uma casa “quase isolada”, com o objectivo de ficarem com o dinheiro da reforma de uma das vítimas e a pensão de invalidez da outra.

 

Para o efeito, o ora detidos abriraram uma conta bancária em seu nome para onde faziam a transferência do dinheiro através da caderneta de uma das vítimas.

 

A PJ conseguiu deslindar este caso após ter recebido segunda-feira, por volta da hora de almoço, uma denúncia de um outro familiar das vítimas que alertou para a possibilidade de haver sequestro da idosa e do filho portador de deficiência profunda.

 

Após esta participação, a PJ decidiu realizar um busca domiciliária e o que encontrou, segundo descreveu a fonte, foi um “quadro dantesco”, com as vítimas subnutridas e apresentando sinais de maus-tratos físicos e psíquicos.

 

Os ora detidos ainda tentaram invialbilizar a busca domiciliária, tendo oferecido resistência física à Polícia antes de serem detidos para defesa da integridade física e liberdade das vítimas.

 

Os detidos serão submetidos a interrogatório judicial no Tribunal de Coruche para aplicação das medidas de coacção consideradas adequadas.

 

A fonte contactada pela Agência Lusa admitiu que o facto de a casa onde ocorreu este cenário “dantesco” estar relativamente isolada das outras habitações “talvez” explique que os vizinhos mais próximos não tenham comunicado o desaparecimento das vítimas à Polícia.

 

A fonte policial reconheceu que de “tempos a tempos aparecem casos” relacionados com outras pessoas idosas a quem terceiros pretendem ficar com “os prédios ou com as reformas”, mas sublinhou que uma situação com “o nível de violência” física e psíquica verificado em Coruche é inaudito.

 

Tratam-se de situações em que os criminosos se aproveitam das “debilidades” e fragilidades das pessoas idosas para lhe ficarem com os bens e valores, constatou.

 

Os ora detidos são suspeitos da prática dos crimes de rapto, extorsão e violência doméstica.

A operação de resgate das vítimas foi concretizada pela Unidade Nacional Contra o Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária.

 

Segundo a descrição da PJ, as duas vítimas encontravam-se num compartimento sem janelas, trancadas a correntes e cadeado, sendo as necessidades fisiológicas realizadas no chão ou em baldes.

 

O objectivo dos detidos era “extorquir mensalmente o valor da reforma e pensão de invalidez das vítimas, o que lograram fazer durante 14 meses, submetendo-as a constantes maus-tratos físicos e psíquicos” e mantendo-as “em estado de carência absoluta de cuidados higiénicos ou médicos e de profunda subnutrição”.

 

 

 

Lusa

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