Segundo a mesma fonte, os dois detidos, nascidos em 1961 e 1964 e ambos sem antecedentes criminais, mantinham a idosa e o filho deficiente sequestrados no interior de uma casa “quase isolada”, com o objectivo de ficarem com o dinheiro da reforma de uma das vítimas e a pensão de invalidez da outra.
Para o efeito, o ora detidos abriraram uma conta bancária em seu nome para onde faziam a transferência do dinheiro através da caderneta de uma das vítimas.
A PJ conseguiu deslindar este caso após ter recebido segunda-feira, por volta da hora de almoço, uma denúncia de um outro familiar das vítimas que alertou para a possibilidade de haver sequestro da idosa e do filho portador de deficiência profunda.
Após esta participação, a PJ decidiu realizar um busca domiciliária e o que encontrou, segundo descreveu a fonte, foi um “quadro dantesco”, com as vítimas subnutridas e apresentando sinais de maus-tratos físicos e psíquicos.
Os ora detidos ainda tentaram invialbilizar a busca domiciliária, tendo oferecido resistência física à Polícia antes de serem detidos para defesa da integridade física e liberdade das vítimas.
Os detidos serão submetidos a interrogatório judicial no Tribunal de Coruche para aplicação das medidas de coacção consideradas adequadas.
A fonte contactada pela Agência Lusa admitiu que o facto de a casa onde ocorreu este cenário “dantesco” estar relativamente isolada das outras habitações “talvez” explique que os vizinhos mais próximos não tenham comunicado o desaparecimento das vítimas à Polícia.
A fonte policial reconheceu que de “tempos a tempos aparecem casos” relacionados com outras pessoas idosas a quem terceiros pretendem ficar com “os prédios ou com as reformas”, mas sublinhou que uma situação com “o nível de violência” física e psíquica verificado em Coruche é inaudito.
Tratam-se de situações em que os criminosos se aproveitam das “debilidades” e fragilidades das pessoas idosas para lhe ficarem com os bens e valores, constatou.
Os ora detidos são suspeitos da prática dos crimes de rapto, extorsão e violência doméstica.
A operação de resgate das vítimas foi concretizada pela Unidade Nacional Contra o Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária.
Segundo a descrição da PJ, as duas vítimas encontravam-se num compartimento sem janelas, trancadas a correntes e cadeado, sendo as necessidades fisiológicas realizadas no chão ou em baldes.
O objectivo dos detidos era “extorquir mensalmente o valor da reforma e pensão de invalidez das vítimas, o que lograram fazer durante 14 meses, submetendo-as a constantes maus-tratos físicos e psíquicos” e mantendo-as “em estado de carência absoluta de cuidados higiénicos ou médicos e de profunda subnutrição”.
Lusa