O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Luís Garcia, apelou hoje à “união, solidariedade e tolerância” dos açorianos, pedindo um esforço no combate à pandemia de covid-19.
“Neste momento particularmente difícil, saibamos todos fazer um esforço adicional para permanecer unidos, solidários e tolerantes. Não podemos vacilar, nem deixar que divisionismos ou bairrismos sem sentido prejudiquem o combate a esta pandemia e travem a construção dos Açores que queremos”, afirmou.
Luís Garcia falava na sede do parlamento açoriano nas comemorações do Dia da Região Autónoma dos Açores, que este ano contaram, pela primeira, vez com a intervenção de deputados de todas bancadas parlamentares.
O presidente da Assembleia Legislativa prestou homenagem aos que estão “na linha da frente” do combate à covid-19, cumprimentou as famílias de quem morreu desta doença nos Açores e deixou “uma palavra especial de solidariedade” à população da ilha de São Miguel que tem sido mais fustigada nos últimos tempos pela pandemia.
Luís Garcia lembrou, no entanto, que apesar da vacinação contra a covid-19 estar “em bom andamento”, não se sabe “quando a batalha terminará”, apelando a que todos continuem a combater a pandemia.
“Sei que é muito difícil pedir-vos hoje mais sacrifícios, mas sabendo que não é a meio da guerra que se limpam armas, peço a todos um esforço, para que não estraguemos, por precipitação ou cansaço acumulado, o resultado alcançado ao longo deste penoso caminho”, frisou.
O presidente do parlamento açoriano pediu união entre os açorianos, alegando que as diferenças “devem ser motivo para celebrar e nunca para dividir”.
“Sempre que, no passado, enfrentámos dificuldades e adversidades, a união e a solidariedade, entre ilhas e entre açorianos, foram determinantes para ultrapassar os momentos mais complicados. Foi assim no sismo de 1980, foi assim no sismo de 1998. E agora não pode ser exceção”, sublinhou.
No ano em que se assinalam 45 anos da autonomia dos Açores, Luís Garcia salientou que um dos pilar da autonomia “sempre foi a defesa de um desenvolvimento harmónico, equilibrado e integral de todas as ilhas”.
O presidente do Parlamento alertou ainda para o desafio da “reconstrução” da economia e da vida social, mas também para o desafio do “aperfeiçoamento, com as novas oportunidades que aí vêm”.
“Sabemos todos que sem economia não há criação de riqueza nem de emprego, mas sem saúde também não há economia. É este o equilíbrio difícil, mas necessário, especialmente nesta fase, em que precisamos canalizar atenções e recursos para recuperar vivências e reconstruir a economia”, disse.
Luís Garcia defendeu também uma “aposta estratégica na Educação”, para que haja um “combate eficaz à pobreza”, que disse ser “o verdadeiro calcanhar de Aquiles” do desenvolvimento dos Açores.
“Hoje, um em cada três açorianos é pobre. Um em cada três. Dito assim, parece tão absurdo que nos envergonha. Por isso, é preciso repetir, uma e outra vez, enquanto for preciso, para que não esqueçamos que não basta dar o peixe a quem tem fome: é preciso também ensinar a pescar”, reforçou.
Por outro lado, disse que os fundos comunitários atribuídos aos Açores nos próximos anos serão uma “oportunidade única”, desde que sejam feitas “apostas diferentes”.
“Se fizermos tudo como até aqui, os resultados serão semelhantes, senão piores, porque, no entretanto, as necessidades agravaram-se e o fosso das desigualdades alargou”, alertou.
O Dia da Região Autónoma dos Açores, feriado regional celebrado na segunda-feira do Espírito Santo, foi instituído pelo parlamento açoriano em 1980, para comemorar a açorianidade e a autonomia.
Lusa