“Chegou o Dia dos Açores. Chegou ao Canadá!
Foram estas as palavras escolhidas pelo Presidente do Governo Regional, para iniciar o seu discurso na cerimonia oficial da celebração do Dia dos Açores em Toronto, no Liberty Grand – Exhibition Place.
Institucionalizado desde 1997, o Dia dos açores, que é celebrado na Segunda Fira do Espírito Santo, teve este ano pela 2ª vez a sua celebração oficial fora do Arquipélago Açoriano, no seio da comunidade açoriana em Toronto.
“É bom que os nossos políticos dos Açores compreendam o valor incontroverso desta partilha com os nossos irmãos destas e doutras paragens. Afinal, os Açores estão em tantos lugares…”.
“A sua celebração no Canadá, e numa cidade multi-cultural como Toronto, com uma significativa e laboriosa comunidade de origem açoriana, é lugar igualmente adequado, pois acentua, ainda mais, a dimensão múltipla da nossa presença entre as culturas e as civilizações. Desta vez evocado, neste acto público, um dia mais cedo, por imperativos da localização desta cerimónia, o Dia dos Açores também lembra, assim, outra das suas vocações: a de ser o Dia que enaltece todos os nossos dias.” – realçou o governante, como que em “resposta” ás vozes que se fizeram ouvir, no decorrer das últimas semanas, não concordando com a realização desta celebração fora dos Açores, alegando a actual “crise “ e a conseguinte necessidade de contenção nas despesas.
No decorrer da cerimónia foram distinguidas personalidades e instituições, que se destacaram pelo exercício de funções ou por acções de justo e público reconhecimento.
Na sua exaltação á Autonomia, o Presidente do executivo proferiu – “Nós, Açorianos, temos a consciência de nós próprios, conhecemo-nos como um Povo, que se individua no que lhe é específico… Os açorianos exprimem – melhor do que quaisquer outros portugueses – a nossa condição no Mundo.
Hoje, aqui, antecipando o dia da Pombinha, celebramos a nossa condição e a Açorianidade com uma consciência mais avançada: a de que as nossas ilhas são o lugar onde, tantas vezes, se fez e se refez Portugal mas, sobretudo, e com orgulho, celebramo-la com a consciência de que procuramos ser, de que somos, um lugar, nas ilhas e nas comunidades dispersas pelo Mundo, onde se faz do melhor por Portugal.
A Autonomia que os Açores conquistaram ajudou-nos muito a construir essa unidade primordial.
A Autonomia que conquistámos permitiu-nos passar de uma situação em que éramos apenas nove ilhas desalinhadas ao longo de seiscentos quilómetros, para nos tornarmos numa Região valorizada pelo encontro institucional das suas ilhas, pela força da sua unidade política, pelo chamamento comum das suas gentes e pela reunião das suas energias, para além do prolongamento cultural transmitido por todas as mil ilhas da diáspora.
A Autonomia permitiu-nos assumir outras responsabilidades na condução dos nossos destinos
No seu discurso, o presidente do Governo Regional apelou ao voto, salientando a importância dos Açores na Europa.
“Atentemos, pois, às eleições europeias do próximo domingo, em consequência das quais teremos, decerto e de novo, no Parlamento Europeu, representantes dos Açores, o que muito nos ajudará particularmente na resolução de problemas complexos que se colocarão em sectores como o da agricultura. É fundamental ir votar nessas eleições: votar para reafirmar a nossa pertença, reclamando, é certo, uma Europa mais justa, mais solidária e mais segura e também mais empenhada no diálogo transatlântico que inclui o Canadá, os Estados Unidos da América e o Brasil. Para os que podem votar, não o fazer será uma vergonha e uma destituição cívica injustificada.
Os Açores europeus são um valor acrescentado, sem par, na comunidade nacional e igualmente numa perspectiva de qualificação da afirmação portuguesa no Atlântico.
O país político não deve esquecer o capital multiplicador do enquadramento geoestratégico dos Açores, nem muito menos esquecer que a dimensão portuguesa está para além da sua insuficiente faixa continental. Aliás, em vários aspectos, a relevância açoriana é evidente: na navegação marítima e aérea, na política de pescas, ou no potencial de localização de centros reguladores, tecnológicos ou de investigação. No plano da segurança internacional, os Açores são um activo em revalorização constante: os Açores são a fronteira de segurança próxima da América e são a mais relevante fronteira europeia de cooperação internacional em matéria de segurança do Mundo Ocidental.
Uns por ignorância, outros por preconceito forjado na babugem centralista, não compreendem o país assim. Desconsideram-nos, é certo, mas, pior, desbaratam o sentido mais útil da dimensão nacional. Compete-nos lembrar-lhes tudo isso em todos os momentos. É o que lhes lembramos, uma vez mais, neste Dia.”