O diretor do Programa Regressar, José Albano, afirmou esta sexta-feira, que muitos emigrantes madeirenses e açorianos estão interessados em beneficiar dos apoios do Programa Regressar e espera que seja possível abranger aquelas regiões no próximo ano.
“Há muitos emigrantes que querem regressar à Madeira e aos Açores”, afirmou à Agência Lusa em Londres, onde realizou hoje uma sessão de divulgação do Programa em conjunto com o Consulado-Geral nas instalações da Embaixada de Portugal no Reino Unido.
O responsável manifestou “esperança que haja um entendimento” entre o Governo português e os governos regionais sobre esta matéria para que sejam criados programas com o mesmo tipo de apoios e condições que atraiam emigrantes portugueses para os arquipélagos.
O Programa Regressar tem como objetivo promover e apoiar o regresso a Portugal de emigrantes que tenham saído de Portugal há pelo menos três anos, bem como dos seus descendentes e outros familiares.
O esquema oferece um regime fiscal mais favorável para quem regressa, apoios financeiros e uma linha de crédito para ajudar no investimento empresarial e na criação de novos negócios.
No entanto, atualmente só beneficiam pessoas que se estabeleçam em Portugal continental, pois o Governo entende que as políticas ativas de emprego e formação profissional são competências das regiões autónomas.
O Executivo reforçou no Orçamento de Estado de 2023 as verbas para a Segurança Social dos Açores e da Madeira dos governos regionais para estes criarem programas semelhantes, mas os políticos e dirigentes insulares queixam-se de discriminação.
O diretor do Programa, José Albano, admitiu durante a sessão de hoje em Londres que o impasse é “incómodo”, e que evitou até agora visitar os Estados Unidos e Canadá porque “é difícil defender perante madeirenses e açorianos a diferença de tratamento”.
De acordo com os responsáveis do Programa, desde 2020 foram recebidas 9.098 candidaturas que abrangem 20.326 pessoas.
A maioria dos candidatos eram residentes na Suíça (2.014), França (1.695) e Reino Unido (1.489), e 46% destes escolheram estabelecer-se no norte de Portugal e 28% na região de Lisboa.
Em termos de perfil, 44% dos candidatos têm idades entre os 35 e 44 anos e 31% entre os 25 e 34 anos. Os trabalhadores diplomados com ensino superior representam 37% do total, enquanto 31% têm qualificações inferiores ao ensino secundário.
José Albano revelou que o ‘Brexit’ e o aumento do custo de vida no Reino Unido aumentou o interesse de emigrantes no Reino Unido em regressar a Portugal, sobretudo qualificados, porque sentem que o país tem uma “economia competitiva e com boas condições”.
Presentes na sessão de hoje, que juntou cerca de 40 pessoas, a maioria dirigentes associativos, os irmãos Marcos e Estanislau Tavares, radicados em Londres há mais de 20 anos, confessaram à Lusa que há vários anos que pensam voltar a Portugal.
O Programa Regressar “é aliciante, mas não é decisivo”, afirmou Estanislau, profissional de medicina dentária, referindo a vontade de melhorar a qualidade de vida e de estar perto da família e amigos como principais fatores para a mudança.
No entanto, questões como os filhos menores, carreira profissional e a renumeração criam dúvidas e têm adiado a decisão.
“Dos nossos amigos, 80% querem voltar mas continuar a trabalhar para empresas britânicas ou para abrirem o próprio negócio”, adiantou o irmão Marcos, enquanto Carla Santos indicou a idade como possível barreira para encontrar emprego em Portugal.
Lançado em 2019, o Programa Regressar teve a duração prolongada em maio por mais três anos, até 2026.
No Reino Unido residem mais de 400 mil portugueses.
Lusa