A deputada do PSD/Açores Mónica Seidi, considerou hoje inaceitável que o governo regional “ainda não tenha apresentado o plano de retoma da atividade assistencial face à interrupção verificada no período crítico da Covid-19”, após a pausa forçada atividade não prioritária do Serviço Regional de Saúde (SRS), em março, “reduzindo a acessibilidade aos cuidados de saúde aos doentes não-Covid”.
Numa declaração política feita esta terça feira, a social democrata considerou que o governo “já devia ter submetido, com urgência, à Assembleia Legislativa, esse plano de retoma. Um plano que defina prioridades, adaptado às particularidades de cada ilha, e que não deixe nenhum doente para trás”, lembrando uma proposta do PSD/Açores, “aprovada nesta casa por unanimidade, há dois meses, e que formalizava esta nossa preocupação com o SRS”.
“É mais do que tempo de reconhecer devidamente todas as outras doenças não relacionadas com a pandemia, sendo que algumas delas são igualmente letais”, disse a deputada, acusando a tutela de ter “uma atuação pouco transparente”.
“Ao contrário do que acontece a nível nacional, não sabemos o que ficou por fazer devido à pandemia: Quantas colonoscopias ficaram por fazer? Quantas mamografias ou ecografias? Quantas consultas? Quantos tratamentos de fisioterapia? Quantos cirurgias programadas foram adiadas? Porque razão o Governo Regional insiste em esconder estes números?”, questionou Mónica Seidi.
Com efeito, a Ministra da Saúde afirmou que teriam sido adiados cerca de 1 milhão de atos médicos, referindo que até ao final do ano, apenas 60% dos mesmos seriam agendados ou realizados. “Isto sim, é transparência, e não o que se assiste nos Açores”, afirmou.
Sobre a possibilidade “de termos uma segunda vaga da pandemia, que pode acontecer em outubro, sobrepondo-se à gripe sazonal”, a social democrata avançou que “o reforço da vacina da gripe sazonal pode prevenir um eventual colapso do SRS”, avançou Mónica Seidi.
“A solução pode passar por tornar gratuita a vacinação a partir dos 60 anos, e não dos 65 como é atualmente preconizado, sendo possível atingir os 80% de taxa de vacinação naquela faixa etária”, concluiu.
No âmbito do debate, Domingos Cunha, deputado do PS/Açores, lamentou que o PSD/Açores ignore o que se passa na Região, desconhecendo ou omitindo os dados revelados pelo Relatório do Estado da Saúde nos Açores, em concreto sobre o que foi feito de fevereiro a abril”, realçando “118 mil 723 consultas de saúde do adulto; 8 mil 254 consultas de diabete; 31 mil 567 consultas de saúde infanto-juvenil; 3 mil 498 consultas de psicologia; 7mil 404 consultas de fisioterapia; 68 mil 453 consultas externas; 12 mil 881 sessões do hospital de dia; 900 cirurgias com internamento; 629 cirurgias urgentes; 169 mil 670 exames e 30 mil 212 atendimentos urgentes – Se isto não é trabalho então não sei o que será”, afirmou.
“O Serviço regional de saúde trabalha e trabalha bem. Os nossos profissionais são competentes e empenhados. Os açorianos podem estar seguros de que o Governo do Partido Socialista continuará a pugnar pelas melhores condições para todos, independentemente da ilha ou do concelho”, assegurou.
Domingos Cunha destacou “a resposta efetiva, eficaz e eficiente que o Serviço Regional de Saúde deu neste período em concreto, reconhecendo que apesar das excelentes instalações e equipamentos em que os profissionais de saúde desempenharam as suas funções, foram necessários sacrifícios – o que também é próprio da profissão de servir o outro com humanização”.