Há um ano que o Ecoparque de São Miguel, nos Açores, recorre diariamente a falcões certificados para afastar as gaivotas do aterro sanitário, evitando, desta forma, problemas ambientais e de saúde pública.
“A falcoaria é a arte de amansar e treinar aves de rapina para caçarem a favor do homem. O que nós fazemos aqui é utilizar as técnicas da falcoaria para ensinar aves de rapina a fazerem, no fundo, o que nós queremos, que é o espantamento das gaivotas”, afirmou à Lusa a falcoeira Sandra Calado.
Neste momento a família Calado tem no total uma águia e cinco falcões ao serviço, animais nascidos em cativeiro, certificados pela conservação da natureza e oriundos de criadores portugueses e espanhóis. Este tipo de ave pode custar centenas ou mesmo milhares de euros.
O marido de Sandra, João Calado, apaixonou-se pela falcoaria aos 15 anos e ao longo dos 20 anos de casamento transmitiu o gosto por estas aves à mulher, que há um ano trabalha com elas no ecoparque, no concelho de Ponta Delgada e gerido pela associação de municípios da ilha.
Segundo Sandra Calado, as aves são pesadas diariamente, sempre à mesma hora, para controlar o peso, sendo depois levadas de carro até ao aterro, onde são libertadas para realizarem a sua missão: espantar as gaivotas.
“Quando a ave faz o seu serviço como deve ser é recompensada com comida, enchendo-lhe o papo até não querer mais. Assim ela sabe que, cada vez que faz aquilo, quando volta é recompensada”, explicou Sandra Calado, acrescentando que estas aves comem codornizes ou pintos.
A falcoeira costuma explicar aos visitantes do Ecoparque que “o aterro é uma espécie de McDonald´s das gaivotas”, mas com um defeito, já que “o menu delas não traz bebida, o que faz com que depois tenham de ir beber aos rios e lagoas, contaminado as águas utilizadas para consumo humano”, pois as patas e os corpos estão cheios de bactérias e vírus do lixo.
Desde o início do ano até agora cerca de 3.500 pessoas, sobretudo alunos de escolas de São Miguel, já realizaram visitas de estudo ao Ecoparque, uma infraestrutura inaugurada em novembro de 2001.
A águia Maria Callas, nome dado pela família Calado à ave que está sempre a piar, está mais voltada para as demonstrações junto das crianças, deixando-se inclusivamente tocar e fotografar.
A proprietária, membro da Associação Portuguesa de Falcoaria, revelou que a Maria Callas tem cinco anos e pode durar até 20 anos vivendo em cativeiro.
Lusa