Edição rara de “Tabacaria” de Pessoa numa caixa de madeira é apresentada hoje

pessoaUma nova edição do poema “Tabacaria”, de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, publicada agora numa caixa de madeira, com 25 fotografias inéditas de Pedro Norton, é apresentada hoje, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.

“Foram feitos apenas 1.500 exemplares, todos numerados, e este livro de 176 páginas, não voltará a ser reimpresso, tratando-se de uma edição rara”, num formato de grande dimensão, 24 centímetros de largura por 33 de altura, disse à Lusa fonte da Guerra e Paz, que chancela a obra.

A apresentação, às 18:30, é feita pelos jornalistas Henrique Monteiro e Joana Emídio Marques, numa sessão que conta com a presença de gestor e consultor Pedro Norton, que é fotógrafo amador, do editor Manuel S. Fonseca, da Guerra e Paz, e de “Fernando Pessoa ou Álvaro de Campos, mas apenas um deles, por incompatibilidade de feitios, vai estar presente”, lê-se num comunicado da editora.

“A caixa em que a obra de Fernando Pessoa fica agora depositada é de madeira de álamo ou choupo (populus alba), revestida de uma orla em madeira de ‘maple’ (aceraceae), duas faces da madeira, capa e contracapa, têm impressão direta UV e a lombada da caixa foi impressa a laser 50W, com acabamento final com proteção de verniz mate”, explicou à agência Lusa fonte da editora.

Num dos seus poemas, Álvaro de Campos escreveu: “Sentindo húmida da noite a madeira onde agarro,/Debruço-me para o infinito e, um pouco, para mim”, este foi o mote para a nova edição de “Tabacaria”, um poema escrito em 15 de janeiro de 1928, pelo “engenheiro naval” Álvaro de Campos, publicado na revista Presença, em julho de 1933.

Com “Tabacaria”, é editado um álbum com 25 fotografias inéditas da Baixa de Lisboa, de Pedro Norton, dois volumes que “vêm presos numa meia caixa de choupo, seccionada transversalmente”.

“Em 25 fotografias a preto e branco, Pedro Norton oferece-nos um espelho no qual podemos ver o rosto de Pessoa e o rosto dessa Tabacaria que ele, com a máscara de Álvaro de Campos, escreveu, resignado e vencido”, disse à Lusa fonte da Guerra e Paz, realçando: “Esta é a Tabacaria de Álvaro de Campos, vista finalmente da janela da mansarda a que Fernando Pessoa a escreveu. E Pessoa explica como foi da solidão e silêncio que nasceram os versos do poema e como o dominava uma histeria interior que logo, no seu comportamento exterior, se convertia em neurastenia”.

O livro inclui “os 37 textos que Pessoa autorizou a juntar à sua ‘Tabacaria’, agora publicada em português e em traduções para inglês, francês, espanhol e italiano. Drama, jogo e um certo teatro da identidade constituem a matéria deste livro que a alma poliglota de Pessoa escreveu em português, inglês e francês, e que o editor, Manuel S. Fonseca comenta, texto a texto”, adiantou a mesma fonte.

A caixa-livro é obra de uma empresa portuguesa, de Proença-a-Nova, a Ambienti d’Interni, que produziu este ano as caixas das medalhas dos atletas, para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

“É um livro, mas é um livro que nos traz um som diferente. Como num verso disse Álvaro de Campos: ‘O ruído do ranger da madeira é dentro da alma…'”, realçou o editor Manuel S. Fonseca, acrescentando, “nunca a ‘Tabacaria’ de Álvaro de Campos e Fernando Pessoa tinha tido uma música assim”.

 

Lusa

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