O diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Boaventura Sousa Santos, que colabora com o Centro de Estudos, Intervenção, Educação e Formação da Universidade Lusófona na criação do novo Observatório, disse à agência Lusa que o objetivo é “dar visibilidade à Educação enquanto setor estratégico”.
“Nunca foi um setor estratégico e é bom que o seja não apenas pela conflitualidade. É bom que consigamos ir para além dos conflitos”, afirmou.
“Nesta fase crítica que a Europa está a atravessar, a Educação é, do nosso ponto de vista, uma das grandes saídas para a crise”, argumentou.
No trabalho do Observatório da Educação, que como o Observatório Permanente da Justiça visa acompanhar as políticas públicas de Educação, haverá sempre espaço para sugerir transformações.
“Não nos ficaremos só pela contemplação ou análise crítica”, afirmou Boaventura Sousa Santos, acrescentando que a investigação do centro incidirá sobre a maneira como as políticas se tornam práticas.
“Em Portugal, nem sempre as práticas coincidem com os desenhos institucionais, por vezes assistimos a efeitos perversos de instrumentos criados pelo poder legislativo que dão lugar a práticas que o contradizem”, afirmou.
Depois da primeira reunião, que se realiza hoje, o Observatório vai começar a funcionar “já”, garantiu o académico, afirmando que já há grupos de trabalho constituídos entre os dois centros universitários (um público, outro privado) que o vão constituir.
O trabalho prático consistirá na “articulação com organizações sociais e as próprias instituições do Estado”, no “acompanhamento sistemático das políticas legislativas e práticas institucionais”, num “testemunho da utilidade das ciências sociais neste tempo de crise”, salientou.
O entendimento de “Educação” não é só no sentido da “qualificação das forças de trabalho, mas também Educação para a criação de uma cultura europeia de cidadania aberta ao mundo e, naturalmente, sensibilizada para poder aprofundar os valores que têm orientado a constituição da União Europeia: coesão social, altos níveis de qualidade conjugados com altos níveis de proteção social”.