O empresário luso-canadiano João Amaral garantiu, em entrevista à Lusa, que mantém a proposta de compra do navio Atlântida, por 47 milhões de euros, mas não recebeu ainda qualquer resposta do Governo açoriano.
A proposta, disse, foi formalizada a 1 de Julho ao secretário Regional da Economia, Vasco Cordeiro.
O Atlântida foi um dos dois navios encomendados pelo governo açoriano aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), cujo contrato a Região decidiu rescindir em Abril, por incumprimento da capacidade de velocidade máxima contratada (19 nós). Assim, o empresário que é natural da ilha de São Jorge e emigrante no Canadá há 40 anos, diz estar disposto a pagar 47 milhões de euros pelo Atlântida, propondo-se entregar 32 milhões de euros ao Executivo açoriano e 15 milhões aos ENVC.
“Espero que o Governo (açoriano) aceite a proposta que lhe fiz, que é pagar 32 milhões de euros em dez anos”, diz.
O pagamento dos 32 milhões de euros seria a partir de uma verba anual de 3,2 milhões de euros que João Amaral receberia do Governo Regional, com base num “contrato de aluguer de prestação de serviços”.
O pagamento dos 32 milhões de euros seria a partir de uma verba anual de 3,2 milhões de euros que João Amaral receberia do Governo Regional, com base num “contrato de aluguer de prestação de serviços”.
Este contrato seria para transporte de turistas e passageiros em todo o arquipélago durante todo o ano, com o Atlântida a funcionar como navio de cruzeiros.
“Há que ver que o Governo açoriano está a pagar sete milhões de euros por um transporte nas ilhas que se efectua apenas durante três meses por ano”, sublinha. E o empresário diz mesmo que com esta proposta “o Governo Regional fica com o problema resolvido, fica com a cara mais limpa que a que tem hoje, por causa da compra daquele navio. Ficam os açorianos com o navio nas ilhas durante todo o ano e ficam os Estaleiros Navais também fora de problemas”.
Mas a compra do Atlântida é apenas um dos três projectos que o empresário apresentou. Os outros dois propunham à Atlânticoline (empresa de capitais públicos que gere o transporte marítimo de passageiros e viaturas na Região), o afretamento de dois conjuntos de dois navios para operar interilhas.
“Se o Governo não assinar nada disso, eu compro só o (navio) de 113 metros, o novo Santo Amaro, para trabalhar nos Açores e vou para lá”, declarou, apoiando-se num estudo económico que calcula um lucro anual de 1,5 milhões de euros para este barco.
A compra deste navio – com capacidade para 880 passageiros e 200 automóveis – orçará em 20 milhões de euros, 30% dos quais João Amaral diz que estão assegurados por si e os três sócios no Canadá, recorrendo à banca para obter o financiamento restante. Em 2008, conta, chegou a solicitar a aprovação da Agência para a Promoção do Investimento dos Açores (APIA) do projecto de aquisição deste navio que se encontra na Alemanha, a fim de aceder a fundos comunitários, mas recebeu uma recusa definitiva em Abril passado.
Lusa