Emigrantes regressados partilham memórias da sua vida

Mais de duas centenas de açorianos partilharam esta quarta-feira memórias da sua vida no estrangeiro, durante décadas, num encontro na ilha de S. Miguel que reuniu emigrantes regressados dos Estados Unidos da América e Canadá, na sua maioria reformados.
António Pinheiro, 80 anos, natural de Ponta Garça (S. Miguel), contou que esteve emigrado 15 anos na cidade de Providence (EUA), onde trabalhou numa fábrica, mas “as saudades da terra natal foram mais fortes”.

“Estive 15 anos na América em Providence. Tenho filhos, netos e bisnetos tudo na América. Mas regressei a S. Miguel há quase 20 anos. Adoro a minha terra”, confessou.

António Pinheiro é um dos cerca de 200 emigrantes que se inscreveram no I Encontro de Emigrantes Regressados, que a direcção das Comunidades promove, durante o dia de hoje, no Pinhal da Paz, uma reserva de recreio.

Também Maria Amaral, de 72 anos, esteve emigrada durante 17 anos em Toronto, para onde emigrou “em busca de melhores condições de vida”.

No Canadá “trabalhou numa fábrica de sapatos”, mas “as saudades da sua terra” ditaram o regresso a S. Miguel, onde passa agora a sua reforma.

“Foram as saudades. A nossa terra é sempre boa. Sempre tive a vontade de um dia voltar de vez”, sublinhou à Lusa a emigrante natural de S. Miguel, acrescentando que um filho ainda reside no Canadá, pelo que “as viagens são uma constante”.

Ao lado, Cecília de Sousa, 65 anos, também reformada, confessa que o regresso a S. Miguel “foi mais por vontade do marido”.

Cecília, o marido e os filhos estiveram emigrados na Bermuda, durante cerca de oito anos.

O regresso à ilha de S. Miguel aconteceu em 1993, “porque o nível de vida começou a ficar muito caro”, justificou à Lusa.

Para a directora regional das Comunidades, Rita Dias, o encontro visa “promover o convívio, a partilha de histórias e percursos de vida, entre açorianos que vivenciaram a emigração”.

“O encontro reúne pessoas que um dia saíram da sua terra natal, que tiveram uma experiência num determinado país e que ao fim de algum tempo regressaram. Todos têm este ponto em comum”, sublinhou a directora regional, em declarações à Lusa.

Segundo Rita Dias, a iniciativa recebeu “221 inscrições, na sua maioria emigrantes reformados e outros que se encontram de férias na ilha”.

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