Entre 1990 e 2004, as emissões de gases com efeito de estufa cresceram na Região a um ritmo superior ao do continente, revela o estudo “Os Açores e o compromisso de Quioto”.
O estudo, que ontem foi apresentado na Universidade dos Açores, no âmbito de um conjunto de palestras associadas às comemorações do “Dia Mundial do Mar”, demonstra um diferencial de crescimento de 18% entre os Açores e o continente, resultado do progresso económico e social.
Assim, de 1990 a 2004, as emissões aumentaram na Região 59% contra apenas 41% em Portugal continental.
Na Região, como sectores mais significativos a nível das emissões temos a Energia (73%) e a Agricultura (25%) e como categorias mais significativas o transporte rodoviário (26%), a indústria termoeléctrica (18%), a fermentação entérica (15%) e a indústria transformadora (10%).
A nível da dispersão geográfica, São Miguel, que concentra cerca de 55% da população e funciona como motor de economia regional, representa mais de metade das emissões (52%). Segue-se a Terceira (23%).
E Quioto?
O cenário descrito para Portugal continental e Açores não é nada animador tendo em conta os objectivos fixados pelo Protocolo de Quioto.
Ao assinar o Protocolo de Quioto, a Europa assumiu o compromisso de reduzir as suas emissões em 8% relativamente a 1990, durante o período de 2008 a 2012.
Como a situação geográfica e económico-social dos vários Estados Membros é diversa, foi celebrado um acordo de objectivo comum e partilha de responsabilidades entre os diferentes Estados. Desta forma, o esforço que é pedido a Portugal não é o mesmo que é solicitado à Alemanha ou ao Reino Unido.
Ao abrigo do acordo de “partilha de responsabilidades”, Portugal acordou em aumentar as emissões de gases com efeito de estufa em 27% nesse período. Mesmo assim, o objectivo está longe de ser alcançado.
Em 2003, por exemplo, as emissões nacionais excederam em cerca de 9% o valor acordado no Protocolo de Quioto.
Torna-se, portanto, fundamental que haja um esforço, a nível de todo o país, para reduzir as emissões, a fim de cumprir a meta dos 27% (Quioto). A questão é: como consegui-lo?
Estudar e reduzir emissões
O Governo Regional tem em marcha a actualização da série cronológica das emissões de gases com efeito de estufa entre outras medidas tendentes não só a acompanhar como a reduzir as emissões, no quadro de um esforço planetário.
“Sendo um problema global as soluções são implementadas a nível local pelo que necessita-se do contributo de todos”, enfatiza Sérgio Costa, director da Simbiente – Engenharia e Gestão Ambiental Lda, que ontem apresentou o estudo aos alunos, docentes e curiosos que se deslocaram à academia açoriana.
Sérgio Costa referiu que, para além da actualização do estudo sobre as emissões de gases com efeito de estufa, há várias iniciativas em curso, como por exemplo a criação da Comissão Regional para as Alterações Climáticas que será responsável pela estratégia regional para as alterações climáticas.
Acresce, a constituição de um edifício legislativo que permita transpor de forma integrada todas as condicionantes associadas a riscos das directivas comunitárias e da legislação nacional e ainda o projecto “Green Island”, que visa permitir a penetração de energias renováveis com consequente redução das emissões de gases com efeito de estufa”.
in AO