A venda de bilhetes na Atlânticoline em 2012 foi inferior ao custo dos combustíveis dos dois navios fretados pela empresa pública açoriana para transporte inter-ilhas, que terminou o ano, ainda assim, com um lucro de 96 mil euros.
Segundo o relatório de contas da Atlânticoline, empresa detida maioritariamente pelo Governo dos Açores, relativo a 2012, a empresa conseguiu quase 2,8 milhões de euros em vendas e serviços no ano passado.
Por outro lado, a empresa, que gere o serviço público no transporte marítimo de passageiros e viaturas de maio a setembro nos Açores, teve no ano passado mais de 10 milhões de euros de despesas: 6,1 milhões no aluguer dos navios, 3 milhões em combustíveis e quase 500 mil euros em encargos portuários, entre outras.
Ainda assim, a Atlânticoline teve um pequeno lucro de 96 mil euros em 2012, ano em que recebeu um “subsídio à exploração” superior a 9 milhões de euros.
A administração da empresa alega, no entanto, no seu relatório de contas, que o Governo Regional não transferiu a totalidade desse subsídio e que por essa razão teve de recorrer a um empréstimo bancário de 2 milhões de euros e de gastar o ‘plafond’ de duas contas caucionadas, num total de 3 milhões, para fazer face a todas as despesas.
A Atlânticoline tem, no entanto, a receber dos Estaleiros Navais de Viana dos Castelo, uma indemnização de 7 milhões de euros, relativa à devolução do navio “Atlântida”, adquirido pela Região, mas recusado mais tarde por não cumprir todos os requisitos do caderno de encargos.
O passivo da empresa pública tem vindo, por isso, sempre a aumentar, e já vai em quase 10 milhões de euros, cerca do dobro do que tinha registado dois anos antes (5,4 milhões de euros em 2010).
A operação marítima da Atânticoline é assegurada por dois navios (“Express Santorini” e “Hellenic Wind”), ambos fretados ao armador grego Hellenic Seaways, um dos quais opera entre as ilhas do Grupo Central (Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa), e o outro entre o Grupo Central e o Grupo Oriental (São Miguel e Santa Maria).
A empresa possui ainda uma pequena embarcação de transporte de passageiros “Ariel”, que assegura ligações regulares entre as ilhas do Grupo Ocidental (Flores e Corvo).
Num comunicado divulgado a 18 de outubro, o Governo Regional revelou que o conjunto do setor empresarial público regional (que abrange mais de vinte empresas) teve prejuízos de 57 milhões de euros em 2012, menos do que no ano anterior, traduzindo-se “numa melhoria de 25% em relação a 2011”.
Tiveram prejuízos os hospitais da região, a Portos dos Açores, a Lotaçor, a empresa de conservas Santa Catarina e a açucareira SINAGA.
Lusa