Empresários querem repensar formação dos profissionais do turismo nos Açores

A presidente da AHRESP/Açores, Cláudia Chaves, defendeu hoje que é preciso “repensar toda a qualificação e formação” dos profissionais do setor do turismo, alertando para as “consequências negativas” da falta de mão-de-obra na região.

Em declarações à agência Lusa, a responsável pela delegação açoriana da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) considerou que a escassez de mão-de-obra “não é um problema novo”, mas “agravou-se substancialmente com a pandemia” da covid-19.

“O problema, basicamente, está na qualificação e profissionalização das pessoas. O que significa que neste momento trabalhar na área do turismo não pode ser um trabalho em que qualquer um pega. Tem de haver qualificação específica para a área”, afirmou.

A empresária reconheceu que a “qualificação não se arranja da noite para o dia” e defendeu a necessidade de “formar os ativos já existentes”, além de “formar novos profissionais”.

“As formações têm de ser repensadas. Não pode ser como se fazia há 10 anos. Tem de haver um sair da sala de aula para estar no local onde potencialmente vão trabalhar para que a experiência de formação seja real. Há que repensar toda a qualificação”, vincou.

Cláudia Chaves considerou que é preciso “aproveitar as épocas baixas para dar formação”, uma vez que de outubro a março “abre-se uma janela de oportunidade muito importante” para formar profissionais.

A presidente da AHRESP/Açores defendeu uma redução da fiscalidade para as empresas do setor do turismo terem “mais capacidade” de criar dois turnos diários, porque “não existindo mão-de-obra rotativa”, as pessoas são obrigadas a “trabalhar de manhã e à noite”.

“Os salários são sempre algo que atrai as pessoas, mas se sentirem que têm outros benefícios e que conseguem ter vida pessoal, fica mais fácil. As empresas deveriam ser beneficiadas fiscalmente para poderem contratar profissionais para dois turnos e assim podíamos alargar todo o horário de oferta”, disse.

Lembrando que “até” os prémios de produção “sofrem com a fiscalidade”, a responsável pela delegação da AHRESP reconheceu ainda a “dificuldade” das empresas em aumentar os salários.

“O problema é que as empresas estão descapitalizadas. Vêm de dois anos de pandemia onde ganharam novas dívidas”, salientou.

Cláudia Chaves disse ser necessário “repensar toda uma série de outros fatores” que fazem com que trabalhar no turismo não seja “tão apelativo”, dando o exemplo da importância de existirem “creches com horários mais alargados”.

“Se uma mãe ou um pai trabalha num turno de jantar com quem é que vão deixar o filho?”, interrogou.

Nos Açores, a “pouca oferta” de transportes públicos também dificulta o recrutamento.

“Quem termina à uma da manhã não tem transporte público para ir para casa. São tudo coisas que leva a pensar duas vezes até aceitar um trabalho que funciona até à noite”, alertou.

A falta de trabalhadores está a ter “consequências negativas” no turismo da região, porque existem “negócios que não conseguem abrir por falta de funcionários”, segundo a empresária.

A líder da AHRESP no arquipélago deu ainda o caso da ilha de São Miguel, onde têm existido relatos de turistas que a “horas mais tardias” não conseguem “encontrar um local para comer” porque as cozinhas estão a fechar “pelas 21:30/22:00”.

“Isso não é o serviço que nós queremos apresentar ao turismo. Mas é o que temos. Não temos mão-de-obra para fazer mais”, concluiu.

 

 

 

Lusa

Pub

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here