Francisco Branco, coordenador do SEP nos Açores, diz que se trata de uma estratégia encontrada para manifestar à opinião pública o seu desagrado e indignação face às propostas do Ministério da Saúde para a carreira de Enfermagem. “Falo, concretamente, de uma coisa que é inadmissível: qualquer pessoa para atingir o topo da sua categoria enquanto enfermeiro tem de trabalhar durante 50 anos e um dia. Isto, quando há pouco tempo o Governo tinha aumentado o tempo útil de exercício de 35 anos de serviço para 40”, refere o sindicalista em declarações à rádio Açores/TSF.
Dos pressupostos em relação à progressão na carreira, o Sindicato dos Enfermeiros invoca também questões que se prendem com o enquadramento remuneratório. “A proposta que o Governo nos apresenta tem, quer no início da carreira, quer no fim, diferenças entre os outros técnicos da Função Pública. Estou a falar, no início, de 200 euros a menos, e no topo da carreira, de 360 euros a menos”, revela Francisco Branco. “Nós não queremos nem mais, nem menos do que os outros técnicos superiores. Até porque os enfermeiros têm vindo a fazer um esforço para aumentar as suas qualificações”, argumenta o sindicalista, recordando que, neste momento, o curso base é uma licenciatura e muitos dos profissionais que já estavam a exercer empenharam-se em fazer up-grades.
Ainda que o número de enfermeiros na maior ilha dos Açores ronde os 500, o dirigente regional do SEP estima que compareçam na concentração à volta de 200, atendendo que “alguns vão ter de ficar a assegurar serviços porque estes não podem parar”. Apesar da última reunião com a Ministra da Saúde, decorrida na passada semana, não ter corrido bem, os profissionais de enfermagem aguardam que o encontro desta quinta-feira tenha um desfecho diferente. No entanto, caso não haja uma aproximação de posições entre o Governo e o SEP, Francisco Branco admite que os enfermeiros “podem chegar à greve e não só de um dia”.
Luisa Couto ( in Aoriental)