A erupção vulcânica ocorrida nas Furnas em 1630, uma das maiores tragédias em S. Miguel, despertou o interesse dos alunos da escola local, que vão tentar perceber na sexta-feira o impacto que teve na vida desta ilha dos Açores.
A iniciativa, promovida pelos alunos do 8.º ano da Escola Básica das Furnas, vai começar com um simulacro de evacuação do estabelecimento de ensino, prossegue com as explicações de especialistas em vulcanologia e termina com uma deslocação à zona do vulcão que entrou em erupção há 382 anos.
A erupção vulcânica de 1630 foi uma das maiores registadas nos Açores desde o povoamento do arquipélago, gerou uma nuvem que tapou o sol durante três dias, cobriu a ilha com uma camada de cinzas com 1,5 metros de espessura e apenas terminou ao fim de 61 dias.
Esses acontecimentos vão ser explicados aos jovens da Escola das Furnas por Vítor Hugo Forjaz e José Damião Rodrigues, que abordarão a história vulcanológica daquela zona do concelho da Povoação, mas também o impacto que a erupção teve na vida da população da ilha de S. Miguel.
Os relatos da época, citados por Manuel Luís Maldonado na obra ‘Fenix Angrence’, indicam que os primeiros sinais surgiram cerca das 21:50 de 02 de setembro de 1630, quando a ilha começou a ser sacudida por violentos abalos.
Cerca das 02:00 de 03 de setembro, ocorreu uma erupção cujo ruído era tão intenso que se ouvia na ilha Terceira, a cerca de 200 quilómetros, onde a população chegou a pensar que era “uma batalha entre duas armadas poderosas”.
Ao quarto dia, a nuvem de cinza cobriu totalmente o céu, numa escuridão que se prolongou por três dias, tão cerrada que “foi necessário que todos se valessem das tochas e de círios que traziam para as praças e ruas para se conhecerem uns aos outros”.
As cinzas que caíam ininterruptamente cobriram a ilha, chegando em alguns locais a atingir 1,5 metros de espessura, mas também atingiram outras ilhas do arquipélago.
Nas Flores, a cerca de 600 quilómetros, “não ficou folha de árvore, nem planta” que não estivesse coberta pelas cinzas.
O arquipélago dos Açores possui 26 vulcões e sistemas vulcânicos ativos, o que não significa que possam entrar em atividade nos próximos tempos.
Em termos científicos, consideram-se ativos os vulcões que estão em erupção, que têm potencial para entrar em erupção ou que registaram atividade nos últimos 10 mil anos, sendo nesta categoria que se encontram os 26 vulcões e sistemas vulcânicos dos Açores.
Lusa