O autor, natural de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, considera que o livro é um “resultado divertido” que abdica do “formalismo da literatura”, tendo optado por palavras “muito simples” na sua construção.
A narrativa do livro tem como pretexto a freguesia da Fajã de Cima, na periferia de Ponta Delgada, onde “acaba a cidade e começa o campo, onde as vidas se cruzam, um pouco como dois discos vinil que se misturam para criar uma música completamente nova”.
“Não é bota de cano, mas também não é salto alto. É sim, outra música ou, se preferirmos, outras histórias, outros personagens, outras fronteiras, que podem até ultrapassar, com muita facilidade, a barreira da lógica ou mesmo do puro e simples bom senso. E não é tão bom o desregramento de um DJ às quatro da manhã nas Festas da Nossa Senhora da Oliveira?”, questiona o escritor.
Para Luís Rego, foi possível construir um “universo de simbologias, alegorias e personagens” à volta do conceito “onde a cidade acaba e começa o campo”, e vice-versa, com base num registo “informal e leve”.
Para exemplificar o nível de surrealismo que algumas das histórias atingem, o escritor narra um cenário onde a “malta na Fajã de Cima está a beber umas cervejas num café e decide promover uma festa, com porco no espeto e música, e acaba por querer convidar Fidel Castro porque existe uma personagem que vive na localidade que trabalhou em Cuba muitos anos como preparador físico”.
“Alguém ainda recorda que ele já está morto, algo que é completamente irrelevante. E a festa tem lugar com um cartaz com os dizeres ‘A visita póstuma de Fidel Castro à Fajã de Cima'”, descreve o autor do livro, que pretende desta forma transmitir a “falta de compromisso” que existe na obra com a seriedade e o formalismo.
Luís Rego, cuja estreia literária ocorreu em 2012 com o livro infantil “O Arranha-Céus Horizontal”, considera que se está perante um projeto de alguém que “gosta muito de escrever”.
O escritor viveu grande parte da vida em Lisboa, onde desempenhou funções como redator publicitário na multinacional McCann Erickson, passando, mais tarde, pela Fisher Portugal, o maior grupo de comunicação da América do Sul.
Foi diretor criativo da HDG Açores, agência que ficou conhecida por ter criado a Marca Açores.
A apresentação da obra, editada pelas Letras Lavadas, vai estar a cargo de Maria das Mercês Pacheco e do próprio autor, nnum evento que surge no âmbito da iniciativa “Arquipélago de Escritores”.
Lusa