O professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) Manuel Brandão Alves considerou hoje que as medidas para a crise “não têm em conta orientações anunciadas na doutrina social da igreja”, alertando para o crescimento da pobreza.
“Temos hoje um crescimento, que nunca teríamos pensado que pudesse acontecer, das margens de pobreza associadas ou não aos aumentos enormes de taxas de desemprego”, declarou Brandão Alves.
Esta situação “é incompatível com os princípios da busca da justiça e do bem comum”, defendeu o docente, à margem das I Jornadas da Primavera, sob o tema “resposta à crise à luz da doutrina social da igreja”, um encontro promovido pelo Serviço Diocesano dos Açores para a Pastoral Social e Mobilidade Humana, que decorre até sábado em Ponta Delgada.
No atual contexto de crise, Brandão Alves disse que o papel da igreja é “ajudar à reflexão para que os cristãos possam inspirar e influenciar a tomada das decisões mais corretas”, tendo em conta “os princípios da busca da verdade, da justiça e do bem comum”.
Isabel Allegro de Magalhães, professora da Universidade Nova de Lisboa na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, disse que, “pontualmente, existem aqui e ali exemplos da prática de soluções de justiça e de maior partilha de bens e recursos”, lembrando que “todas as sociedades tiveram uma característica de desigualdade muitíssimo forte”.
“O que seria desejável é que, por exemplo, a comunidade dos crentes cristãos, tendo por onde se orientar, como o Evangelho e, também, alguns aspetos da doutrina social da igreja, tivessem batalhado por uma sociedade de outro tipo. Mas, o que vemos é que muitas vezes quem está a provocar estas desigualdades até são pessoas que encontramos na igreja, por exemplo, ao domingo”, apontou.
Lusa