“Numa altura de crise, estas bolsas justificam-se mais do nunca, tendo em vista a difusão da língua portuguesa e porque criar contrapartidas económicas quando os alunos bolseiros regressarem aos seus países de origem”, defendeu Chrys Chrystello, presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, em declarações à Lusa.
Os Colóquios da Lusofonia estão a decorrer desde sexta-feira na Lagoa, ilha de S. Miguel, nos Açores, e terminam hoje sob o tema: “Manifesto contra a crise: A língua como motor económico”.
Entre as sete propostas apresentadas no manifesto consta a criação de pelo menos 500 bolsas de estudo nas universidades portuguesas e brasileiras, tendo Chrys Chrystello referenciado o caso da China com “um forte investimento na Língua Portuguesa”, com milhares de alunos licenciados em português.
A criação de bolsas permite “rentabilizar” a língua que “atualmente representa 17 por cento do Produto Interno Bruto, não só em serviços, como na educação, acrescentou.
A proposta vai no sentido de o “Brasil disponibilizar 350 bolsas e Portugal 150 para estudantes de licenciatura, de mestrado ou de pós-graduação e terminada a presença dos alunos no país de acolhimento, os bolseiros terão adquirido a função de embaixadores da língua portuguesa nos seus países de origem”.
O manifesto defende a criação de “antologias bilingues para a disseminação de obras de autores lusófonos” e distribuição nos “países onde o português é ensinado como língua estrangeira”.
Além disso, é proposta “a disponibilização gratuita de excertos de obras selecionadas de autores lusófonos para despertar o interesse por aqueles escritores” e “convidar as editoras de Portugal e do Brasil a fim de criar com as academias e outras entidades uma bolsa de edições para promover as obras dos maiores vultos que representam a escrita de cada um dos países lusófonos”.
O reforço dos cursos de língua portuguesa, tanto presenciais como online são outras das sugestões do manifesto.
Para o presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia, são propostas “realistas aos Governos de Portugal e do Brasil”, lamentando que a cultura “seja sempre a primeira área com cortes”.
“É o parente pobre, porque não dá votos. É muito mais fácil trazer um artista pimba que atrai centenas de pessoas”, sublinhou o especialista em linguística.
Os Colóquios da Lusofonia constituem um espaço privilegiado de diálogo e intercâmbio de ideias entre investigadores e estudiosos sobre literatura, linguística e história.
O 17.º Colóquio da Lusofonia, que termina hoje ao final da tarde, contemplou “este ano pela primeira vez, uma homenagem conjunta a nove autores” e três lançamentos literários, entre os quais a Antologia bilingue de 15 autores açorianos contemporâneos, referiu Chrys Chrystello.
Lusa