“O segredo para sobreviver 150 anos é ter muita persistência, qualidade, inovar sem esquecer a tradição e não gastar além das posses”, afirmou à Lusa Teresa Vieira, que conjuntamente com o pai e a irmã dirigem o negócio da família.
A gestão da centenária fábrica tem passado de geração em geração e, apesar das sucessivas crises, Teresa Vieira assegura que continua a ser um “negócio rentável” e muito visitado por turistas durante todo o ano.
A Cerâmica Vieira, fundada em 1862 por Bernardino da Silva, de Vila Nova de Gaia, e outros companheiros, era uma das duas fábricas de loiça de barro que existiam na Lagoa, numa época em que a produção, feita a partir de barro da ilha de Santa Maria, era indispensável ao dia a dia dos açorianos.
“A Fábrica Leite acabou por ser comprada por nós, visto que as instalações deles eram melhores e mais espaçosas. Desde então que nos mudámos para este espaço”, adiantou Teresa Vieira, acrescentando que as antigas instalações da Cerâmica Vieira, junto ao Porto dos Carneiros, ainda são utilizadas, sobretudo para o fabrico de telhas.
Após um período de desinteresse por este tipo de louça, assegurou Teresa Vieira, no presente “não faltam clientes” de dentro e fora dos Açores que gostam dos azulejos e de usar a denominada “loiça da Lagoa”, que mantém o tradicional tom branco e o azul, mas também aposta cada vez mais nos amarelos, rosas, verdes e vermelhos.
“A nossa loiça está feita para ser utilizada no dia a dia. Dá para alimentos quentes e frias, levar ao microondas e até lavar na máquina”, referiu Teresa Vieira, alegando que o que mais vendem são serviços de chá e café, terrinas, azulejos e peças miúdas.
Segundo a responsável, a fábrica dispõe de três fornos (dois a gás e um elétrico) e no verão há cozeduras quase diárias, em virtude do aumento do número de encomendas.
A Cerâmica Vieira, que tem apostado continuamente na modernização sem perder o elemento tradicional de vista, chegou a ter entre 30 a 50 funcionários, mas na atualidade são apenas nove, dos quais apenas dois são homens.
Lusa