Com estreia esgotada hoje, dia 2 de Março no Teatro Micaelense, obrigando a uma segunda exibição no dia seguinte, igualmente cheia, “A Viagem Autonómica”, de Filipe Tavares e Nuno Costa Santos traça um caminho à procura das figuras, documentos e instituições que definiram os momentos da construção do regime autonómico nos Açores.
A escolha do tema autonomia para a peça final do curso de teatro, leva Gonçalo Cabral (Frederico Amaral) a identificar os principais acontecimentos que conduziram e alimentaram o processo iniciado no final do séc. XIX pela 1º geração autonomista. Ao longo de 90 minutos, são reunidos mais de 50 depoimentos de personalidades que pesquisaram e protagonizaram alguns desses momentos. Por razões, momentos e dimensões diferentes, ajudam a relatar os episódios e marcos decisivos na construção da identidade e consolidação da autonomia açoriana. A pesquisa valorizou também a consulta de arquivos de fotos, jornais de época, imagens da RTP Açores e cerca de 40 livros de investigadores da história dos Açores.
Segundo o realizador, Filipe Tavares, o objectivo foi “narrar a história da autonomia de uma forma séria e rigorosa, mas que ao mesmo tempo fosse capaz de incorporar um tom informal na abordagem dos conteúdos, e dessa forma conseguir aproximar e gerar impacto junto de vários públicos”. Acrescenta que “acima de tudo, trata-se de incentivar uma reflexão sobre a importância que a autonomia político-administrativa tem no futuro dos Açores e na forma de estar dos açorianos. Também se propõe a partilhar com um público exterior a realidade insular e, com isso, desmistificar algumas ideias pré-concebidas e estereotipadas sobre os Açores.”
A “Viagem Autonómica” é um retrato da história do arquipélago, mas acima de tudo um objecto que apresenta e discute as características da autonomia nos Açores contemporâneos, mais próximos entre si e abertos ao exterior. A insularidade é hoje encarada como uma força e uma oportunidade. Trata-se de um roteiro geográfico e sentimental de um jovem à procura da história da sua terra, da identidade colectiva e da definição de açorianidade.
O documentário, que conta com o Alto Patrocínio do Governo dos Açores, resulta de uma proposta da Produtora Ventoencanado, aquando do anúncio da criação de uma Casa-Museu dedicada ao tema da Autonomia. O projeto, acolhido com interesse, previa inicialmente um documento cinematográfico que integrasse o circuito museológico do espaço, com exibições regulares. A importância do tema da Autonomia levou, no entanto, a que o projeto ganhasse dimensão e pertinência, justificando a decisão de promover uma exibição itinerante, por toda a região.