EUA contribuem com mais de 80 milhões de euros/ano para economia dos Açores

A contribuição estimada dos Estados Unidos para a economia dos Açores, devido às Lajes, situa-se entre 105 e 150 milhões de dólares/ano (cerca de 82 a 117 milhões de euros), segundo empresários norte-americanos que visitaram a ilha Terceira.

No relatório que os 12 empresários do grupo Business Executives for National Security (BENS) entregou aos Governos da República e dos Açores, lê-se que a redução do contingente militar dos Estados Unidos da América (EUA) presente na base das Lajes, na ilha Terceira, terá um “enorme” impacto na economia açoriana.

Segundo o documento, revelado pelo jornal Público na semana passada, e a que a agência Lusa teve hoje acesso, “a contribuição do Governo dos EUA para a economia dos Açores estima-se entre 105 e 150 milhões de dólares por ano”.

“Isto representa 3% do PIB dos Açores e perto de 14% do PIB da ilha Terceira”, lê-se no relatório, que acrescenta que as Lajes são o maior empregador da ilha.

Os Estados Unidos vão reduzir a actual capacidade de apoios às aeronaves que utilizam a base a partir do final do verão de 2014, o que implica uma redução de mais de 400 militares e de meio milhar de familiares que residem na ilha, segundo o departamento da defesa norte-americano.

Os 12 empresários fazem no relatório uma série de recomendações com propostas para minimizar o impacto da anunciada redução da presença militar nas Lajes.

O turismo é para o grupo o sector “mais promissor”, defendendo uma aposta no turismo recreativo, pedagógico e ecológico, que abranja a Terceira e as restantes oito ilhas açorianas, que têm uma “topografia espectacular” e “atracões naturais” que, nos EUA, só são conhecidas pelas comunidades de açorianos que emigraram para a América do Norte.

Os empresários recomendam, por isso, uma aposta na promoção da região nos Estados Unidos e mudanças nas ligações aéreas, lembrando que apenas a SATA voa directamente dos Açores para os EUA e só para uma cidade, Boston.

No curto prazo, os empresários da BENS sugerem a aposta em ‘call centres’ internacionais, aproveitando até as infra-estruturas da própria base militar e o bom domínio do inglês dos açorianos, e de um ‘data centre’, atendendo à localização “remota” e “segura” das ilhas e por onde passa o cabo transatlântico de fibra óptica operado pela Portugal Telecom.

Ainda no curto prazo, os norte-americanos sugerem uma aposta na produção de vinhos e de flores.

A longo prazo, os 12 empresários sugerem serviços de registo de propriedade de aviões, destacando que este tipo de registo, relativo a aeronaves e barcos, já provou ter resultados positivos no desenvolvimento de economias de ilhas com estatutos e características semelhantes aos Açores.

A aposta no imobiliário, até para reconverter as habitações actualmente ocupadas por famílias americanas na Terceira, é outra das sugestões dos empresários.

No relatório, são referidos ainda dois projectos ligados à logística sobre os quais os empresários dizem não estar em condições para fazerem “comentários definitivos”, alertando no entanto que vários portos em Portugal e na Europa estão já a fazer grandes investimentos com o mesmo objectivo.

 

Lusa

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