O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, considerou hoje que os EUA devem ponderar se os “ganhos” económicos com a redução da presença militar nas Lajes são superiores à relação que têm com Portugal.
“Nesta, como noutras matérias, em última importância, julgamos ser adequado ponderar é se os alegados e pretensos ganhos destas decisões são ou não superiores ao ganho que é ter uma relação como aquela que os EUA mantêm há largos anos com Portugal e também com os Açores”, declarou Vasco Cordeiro aos jornalistas, em Ponta Delgada, no final da apresentação de cumprimentos do novo cônsul norte-americano nos Açores, Daniel Bazan.
O presidente do Governo dos Açores reconhece que em causa estão “decisões soberanas” da administração norte-americana e dos seus recursos, mas salvaguarda que a base das Lajes, na ilha Terceira, e os Açores são um “ponto essencial”, uma “âncora” da relação entre Portugal e os EUA.
“Aquilo que têm sido os planos para a base das Lajes são dificilmente enquadráveis nesta relação histórica e diplomática entre Portugal e os EUA”, considera Vasco Cordeiro.
O presidente do executivo açoriano frisa que não se está “apenas perante esta decisão” em relação às Lajes, mas também perante “outras situações”, exemplificando com a redução de pessoal no Consulado de Ponta Delgada dos EUA.
“Tudo somado, traduz uma ideia, que nós registamos e que procuramos de certa forma clarificar, de algum desinvestimento dos EUA nesta relação com Portugal e direta com os Açores”, acentua.
Vasco Cordeiro recorda que o dossiê das Lajes tem sofrido “algumas evoluções”, uma das quais assenta na aprovação por parte da Câmara dos Representantes dos EUA de aditamentos a duas leis que “sinalizam” de forma “clara” e “veemente” a preocupação sobre a relação entre Portugal e os EUA.
“A responsabilidade primeira, se esta decisão for avante, de ajudar a minorar o impacto económico [da diminuição da presença militar nas Lajes], é dos EUA, e a responsabilidade de garantir que assim é pertence ao Governo da República, que representa o país, sendo a base da Força Aérea Portuguesa”, afirma Vasco Cordeiro.
Na sua leitura, este assunto “não pode nem deve ser colocado” como uma matéria que tem a ver “apenas com a cooperação militar e de defesa” entre Portugal e os EUA, porque “afeta”, “colide”, “toca” num âmbito “muito mais vasto”, sendo este “talvez” o ponto onde a análise entre as três partes “difere”, uma vez que os EUA consideram esta questão “apenas na perspetiva da redução do seu efetivo militar”.
O novo cônsul norte-americano nos Açores, Daniel Bazan, reconhece que o dossiê Lajes é “muito preocupante” para os Açores e afirma que “não se sabe como vai acabar” esta questão.
“Temos de tentar procurar outras formas de diminuir o impacto negativo da redução na base das Lajes, mas temos de ver”, destacou.
O consulado nos Açores é o mais antigo dos EUA em todo o mundo, existindo desde 1795, tendo começado por se instalar na Horta e estando hoje localizado em Ponta Delgada.
Lusa