Os EUA, através da Embaixada em Lisboa, estão a pressionar as autoridades nacionais e regionais para que os Açores não proíbam o cultivo de organismos geneticamente modificados.
Numa carta enviada nos últimos dias de dezembro ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, a que a Lusa teve hoje acesso, o embaixador norte-americano em Portugal, Allan Katz, manifestou “grande preocupação” pela intenção anunciada do Governo dos Açores de proibir o cultivo de transgénicos na região.
A carta surge depois de o secretário regional da Agricultura, Noé Rodrigues, ter afirmado que o Executivo açoriano estava a preparar legislação para impedir a utilização de produtos geneticamente modificados na agricultura da região devido à indefinição que o tema ainda gera na comunidade científica.
O diplomata norte-americano considera, no entanto, que os transgénicos “não constituem qualquer risco para a vida humana ou animal, ou até mesmo para ambiente” e recorda que a UE gastou “300 milhões de euros” na última década em investigação nesta área, sem nunca ter encontrado motivos de preocupação em matéria de segurança.
Atualmente, existem mais de 150 milhões de hectares de produções transgénicas em todo o mundo, em 29 países, oito dos quais europeus, incluindo Portugal e Espanha.
O embaixador norte-americano apelou, por isso, a que as autoridades revejam a sua posição e permitam que os “agricultores açorianos tenham acesso à mesma tecnologia que já é usada no resto do país e do mundo”.
Allan Katz salienta ainda que os produtos geneticamente modificados permitem reduzir substancialmente a utilização de pesticidas, poupar as energias fósseis, diminuir a emissão de dióxido de carbono (CO2) e melhorar a utilização dos solos.
O embaixador norte-americano termina a carta dando conta de que já fez chegar estas preocupações ao presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, e à ministra da Agricultura, Assunção Cristas.
O cultivo de produtos geneticamente modificados é um tema que tem suscitado diferentes opiniões no arquipélago, onde o presidente da Federação Agrícola dos Açores já disse que “é uma hipocrisia” impedir o cultivo de transgénicos, enquanto o Parlamento regional está a analisar uma petição subscrita por um grupo de cidadãos a favor da proibição.
Lusa