Europa não pode ficar pelas proclamações de solidariedade – Vasco Cordeiro

Vasco Cordeiro - Foto GACS (Foto de Arquivo)
O primeiro vice-presidente do Comité das Regiões Europeu, Vasco Cordeiro, disse hoje que a Europa não pode ficar pelas “proclamações” de solidariedade em relação à Ucrânia e que “o atual momento vai exigir sacrifícios de todos”.

“Temos de ter a consciência de que o atual momento vai exigir sacrifícios de todos, não apenas daqueles que estão diretamente envolvidos na guerra, não apenas daqueles que vivem nas regiões e nas cidades mais próximas desta zona de conflito”, afirmou o também presidente do PS/Açores e antigo líder do Governo Regional açoriano, que vai assumir este ano a presidência do Comité das Regiões Europeu.

Vasco Cordeiro falava em Marselha, França, num debate sobre “coesão e recuperação” da 9.ª Cimeira Europeia das Regiões e dos Municípios em que também participou a comissária europeia Elisa Ferreira.

“Corremos o risco de sermos ultrapassados pela história se num debate tão importante quanto aquele que hoje estamos a ter aqui sobre coesão e recuperação ignorarmos os desafios que este acontecimento tão disruptivo e tão impactante como é a guerra da Ucrânia coloca a esse nível”, disse Vasco Cordeiro, referindo-se à invasão militar, há uma semana, da Ucrânia pela Rússia.

Para o vice-presidente do Comité das Regiões Europeu, “é preciso começar a pensar” no processo de adesão à União Europeia (UE) solicitado pela Ucrânia e nas exigências que coloca “em termos de coesão” das cidades e das regiões ucranianas.

“Mas, também aquilo que vai exigir das cidades e das regiões dos países membros [da UE] próximos da Ucrânia em termos de disponibilidade de recursos”, acrescentou.

“As nossas proclamações de solidariedade com a Ucrânia têm de ser correspondidas pelo menos pela nossa disponibilidade para pensar que teremos de ceder algo, que este processo que está a começar e que não vai acabar neste ano, nem no próximo ano, é também de recursos, de disponibilidades financeiras”, sublinhou.

Vasco Cordeiro alertou que a situação da Ucrânia e o seu impacto no resto da Europa pode dificultar a execução de fundos europeus, como os do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), por parte de alguns países, em especial os mais próximos do conflito, apontando que este é um exemplo das “coisas concretas” em que a UE tem de pensar já.

“Só sairemos fortalecidos deste debate se tivermos a consciência de que há valores mais altos que se levantam neste momento. E isso precisa de ser incorporado nas nossas preocupações, nos nossos processos de decisão, nas nossas políticas a médio e a longo prazo porque só assim daremos sentido e faremos com que sejam coerentes as nossas proclamações”, afirmou.

Para Vasco Cordeiro, “toda esta situação demonstra” a necessidade de a UE continuar a ter “uma política de coesão forte dotada dos meios financeiros para corresponder aos objetivos”, mas também de que “a ideia de coesão” tem de ser “transversal a todas as políticas da UE”.

A 9.ª Cimeira Europeia das Regiões e dos Municípios decorre até sexta-feira e é organizada pelo Comité das Regiões Europeu, a assembleia da UE dos representantes regionais e locais dos Estados-membros.

 

 

Lusa

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