Alunos e professores da Escola Secundária Domingos Rebelo, em Ponta Delgada, nos Açores, compareceram à hora marcada para o exame de Português, que dedcorre com normalidade naquele estabelecimento de ensino açoriano. A diretora da Escola, Helena Lourenço, adiantou à Lusa que “todas as salas estão a funcionar com normalidade” para um exame em que se inscreveram “245 alunos e mais dois do ensino mediatizado”, que recorre às tecnologias de informação e permite fazer exames quando o aluno assim o entender na escola mais próxima. “Tinhamos professores suficientes para a vigilância. Mas convocamos todos”, acrescentou a mesma responsável. Nos Açores, os sindicatos afetos à FENPROF desconvocaram a greve, uma vez que o Governo Regional anunciou que não ia aplicar a mobilidade especial/requalificação profissional aos funcionários da administração pública regional, incluindo os professores. À porta da secundária Domingos Rebelo o ambiente era de tranquilidade e havia quem ainda aproveitava os últimos minutos para rever algumas questões. “Estou muito nervosa”, contou à Lusa Raquel Raposo, que admitiu ter estado “um pouco preocupada” em relação à questão da greve, enquanto para Ana Rita Sousa o anúncio da paralisação “não interferiu” nos seus estudos. Ao lado, a colega Maria Arruda disse esperar que o exame seja “acessível”, tanto mais que esta é a prova de que necessita “muito” para ingressar no ensino superior. Menos confiante estava Nuno Ponte, que se manifestou “muito ansioso” com a prova, mas garantiu que o anúncio da greve nunca interferiu com os seus estudos. Ainda a rever alguns pontos nos apontamentos, Carina Ferreira, também aluna do 12º ano, disse concordar com as reivindicações dos professores, mas frisou que “a ideia de uma greve acaba por afetar os alunos e deixá-los ainda mais nervosos”. Já para Daniela Ventura a questão da greve “nunca foi muito motivo de preocupação”, alegando que sempre estudou “da mesma forma”. A época oficial de exames de Ensino Secundário começa hoje com o grande exame de Português, para o qual estão inscritos 74.407 alunos, realizando-se também provas de Latim (108 inscritos) e de Português Língua Não Materna (para imigrantes), com 136 alunos. Os professores, que começaram por fazer uma greve ao serviço de avaliações, decidiram agendar uma paralisação geral para hoje para contestar o regime de requalificação profissional e a mobilidade geográfica proposta pelo Governo, bem como o aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais. Os sindicatos temem o despedimento de professores do quadro e a dispensa de contratados, em larga escala. A mobilidade geográfica implica também aumentar a distância da residência a que os docentes podem ficar colocados. Desde o ano passado que a primeira fase de exames tem caráter obrigatório, ficando uma segunda fase reservada apenas para situações excecionais. Face à ausência de acordo entre Governo e sindicatos, um colégio arbitral decidiu pela não realização de serviços mínimos. O Ministério da Educação ainda recorreu da decisão, mas não obteve resposta em tempo útil. A greve aos exames sucede-se a uma manifestação, realizada sábado em Lisboa, na qual participaram milhares de professores de todo o país.
Lusa