Exames PISA dividem executivo regional e oposição na leitura dos dados

O debate de urgência proposto pelo PSD na Assembleia Legislativa dos Açores, a propósito dos resultados alcançados pelos alunos açorianos nos exames PISA, revelou, esta terça-feira, uma divisão entre o executivo regional e a oposição na leitura dos dados.

A deputada social-democrata Maria João Carreiro criticou o mau desempenho da região no relatório PISA (Programme for International Student Assessment), lamentando que a região se afaste cada vez mais da média nacional e europeia.

“Os Açores destacam-se pela negativa. São das piores regiões do país, afastando-se cada vez mais da média nacional”, apontou a parlamentar do PSD, recordando que estes números revelam que o arquipélago piorou em relação aos resultados registados em 2015.

O secretário regional da Educação e Cultura, Avelino Meneses, admite que gostaria que os resultados dos alunos açorianos fossem melhores, mas acabou por desvalorizá-los, por entender que a amostragem é pouco significante.

“Querer avaliar o sistema educativo regional pelo desempenho de somente 137 alunos, é, no mínimo, um abuso, filho da ignorância ou da maldade, eventualmente de ambas ao mesmo tempo”, apontou o governante, preferindo destacar os bons resultados das políticas regionais de combate ao insucesso escolar.

A deputada socialista Sónia Nicolau criticou o PSD por destacar agora os maus resultados dos Açores nos teste PISA, quando antes os desvalorizava, devido à reduzida percentagem de alunos que participaram nos exames.

“O PSD é que é um partido irresponsável, que em 2014 veio aqui dizer que perante um número de estatística irrelevante era impossível retirar ilações, e agora, com um número de estatística semelhante, vem dizer que já é possível”, denunciou a deputada socialista.

Apesar disso, todos os partidos da oposição entendem que os resultados dos exames PISA nos Açores são preocupantes.

Para Paulo Mendes, do Bloco de Esquerda, se a educação na região fosse um barco, “saberíamos, com estes resultados, que o barco está a meter água, mas não sabemos onde e como”.

Já Catarina Cabeceiras, do CDS, questionou o Governo socialista sobre “o que falhou” em termos educativos na região, para que os Açores tivessem alcançado resultados tão maus.

Paulo Estêvão, do PPM, diz não ter dúvidas de que os resultados dos alunos açorianos mostram bem “a falência absoluta” da gestão do setor da educação, “por parte do atual secretário, ao longo dos últimos seis anos”.

João Paulo Corvelo, deputado do PCP, propôs, em alternativa, que se faça “mais investimentos nas escolas, com mais docentes, mais funcionários e mais meios materiais”, como o seu partido sempre tem defendido, como forma de melhorar o sistema educativo regional.

A deputada independente Graça Silveira, que recentemente abandonou a bancada do CDS, diz que os resultados negativos se devem ao facto de a região ter “um grupo docente desmotivado, assoberbado em burocracia e sem perspetiva de futuro”.

O PISA é um estudo trienal que avalia as literacias de alunos de 15 anos de idade em leitura, ciências e matemática.

Os Açores registaram dos piores resultados em Portugal, tanto em leitura, como em ciências e matemática, piorando em relação a 2015.

Portugal manteve-se acima da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que produz o relatório, nos três domínios, mas o arquipélago dos Açores encontra-se muito abaixo da média nacional.

De acordo com o relatório PISA, Portugal obteve 492 pontos em literacia de leitura, cinco pontos acima da média da OCDE (487), enquanto os Açores obtiveram apenas 443, o pior resultado do país.

Em ciências, Portugal obteve 492 pontos, mais três que a média da OCDE (489), e os Açores somente 454.

Em matemática, Portugal atingiu 492 pontos, mais três que a média da OCDE (489), e os Açores 446.

 

 

Lusa

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