O estudo, realizado por uma equipa de investigadores do Brasil, de Espanha e do México e publicado na revista Nature Communications, salienta que o azoto é um componente fundamental para as proteínas e que o fósforo faz parte do ADN (material genético) dos organismos vivos.
“Por isso, a produtividade primária das águas e dos solos depende em grande parte da presença destes elementos”, afirmou, em declarações à agência noticiosa Efe, o coordenador da investigação, Xosé Luis Otero, da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha.
De acordo com o especialista, saber qual o contributo de fósforo e de azoto dado pelas aves marinhas “servirá para compreender melhor a dinâmica do ciclo geoquímico global destes dois elementos na Terra”.
A equipa científica estudou 320 das 351 espécies de aves marinhas que existem no mundo.
A partir de parâmetros como o peso, a alimentação e a duração do período de reprodução, determinou a quantidade de azoto e fósforo expelida para o solo e a água dos oceanos através das fezes.
Num passo seguinte, os investigadores analisaram a distribuição das aves marinhas pelo mundo, concluindo que é quase igual no hemisfério norte (209 milhões de pássaros) e no hemisfério sul (213 milhões).
Contudo, estimam que 80 por cento do azoto e do fósforo é ‘deitado fora’ na região austral do planeta, “no ambiente antártico”.
A explicação encontrada para este desequilíbrio é o tamanho das aves, uma vez que a maior parte das que vivem no hemisfério sul são pinguins, que pesam vários quilos, enquanto a espécie mais frequente no hemisfério norte é a torda-anã (já observada em Portugal e que tem o nome científico de “Alle alle”), que não ultrapassa os 200 gramas.
O estudo conclui que os excrementos das aves marinhas são uma fonte importante de nutrientes, sobretudo na Antártida.
Lusa