O chefe da família portuguesa deportada do Canadá, Paulo Sebastião, já comprou dez bilhetes de avião para voltar a Rabo de Peixe, nos Açores, onde “não tem nada”.
“Já tenho os bilhetes em casa, foram mostrados [nos serviços] de imigração porque senão eles não confiavam. Vou embora no dia 29 para Ponta Delgada, vai a minha família toda”, afirmou à agência Lusa Paulo Sebastião, acrescentando que pagou os dez bilhetes do seu bolso.
Paulo Sebastião confessa que “a família está toda a chorar”, porque “não tem nada” nos Açores, apenas os sogros, que moram com os filhos e com os netos: “Eles disseram-me que não têm lugar para mim. Lá não tenho nada, zero. Aqui, eu trabalhava, a minha esposa trabalhava, o meu filho saiu da escola para me ajudar a trabalhar, as minhas duas filhas trabalhavam. Todos trabalhamos e agora vamos ser postos daqui para fora”, lamenta, emocionado.
Paulo Sebastião esteve dez anos a trabalhar no Canadá e desde há cinco, quando fez os pedidos de imigração, “tinha um contrato com uma empresa de construção e pagava impostos”.
O problema – conta – foi o advogado dos serviços da imigração ter dito que bastava fazer um pedido de autorização de residência no Canadá por motivos humanitários ou com estatuto de refugiado.
As possibilidades de recurso esgotaram, afirmou o advogado da família, Tony Dutra, ao Toronto Sun, que avançou no sábado com a notícia da deportação.
Uma responsável da agência do serviço de fronteiras do Canadá, Amy Wong, disse ao mesmo jornal que a família portuguesa pediu o estatuto de refugiado em 2007, seis anos depois de terem chegado ao país e apenas depois de a polícia ter descoberto a sua permanência ilegal.
RR