Federação Agrícola dos Açores e Governo reuniram em clima de crise

Concretamente, a Federação Agrícola pretendia saber onde param os milhões prometidos, quando é que o preço do leite aumenta e que efeito prático tiveram as linhas de apoio criadas pelo Governo para a lavoura.

No entanto, no encontro de hoje, o atraso no pagamento dos subsídios e a lentidão na aprovação dos projectos de investimentos foram os assuntos prioritários no encontro entre o secretário da Agricultura, Noé Rodrigues, e os responsáveis pela lavoura açoriana.

Jorge Rita, presidente da Federação, pretendeu ainda saber o que é feito dos milhões de euros prometidos pelo novo ministro da Agricultura, no sentido de se contornar a crise, uma vez que o sector atravessa algumas dificuldades porque, nem as linhas de apoio criadas para ajudar especificamente a lavoura, surtiram efeito.

Apenas o Safriaga, programa criado para compensar o aumento dos juros, entre 2006 e 2008, teve alguma repercurssão.

Quanto ao preço do leite, o facto é que, a nível europeu, já se verifica alguma retoma e um ligeiro aumento nos preços, enquanto que as fábricas açorianas ainda não acompanham essa tendência.

No final da reunião, Noé Rodrigues divulgou os valores dos apoios atribuídos ao sector até 31 de Dezembro de 2009, verificando-se que o montante pago aos produtores era superior ao montante pago na mesma data do ano anterior, o que “significa que estamos a trabalhar melhor, para, com maior celeridade, fazer chegar aos agricultores os apoios que têm direito” – adiantou o governante.

Quanto aos projectos de investimento, já existe um número significativo de candidaturas apresentadas, sendo que muitas já foram contratadas e pagas.

No entanto, o secretário da Agricultura reconheceu o excesso de burocracia imposta pelas entidades europeias para o cumprimento dos processos de controlo e contratação desses projectos.

Por sua vez, o Presidente da Federação discordou da forma como os 20 milhlões de euros, prometidos pelo ministro do sector vão ser distribuídos, ou seja, não vão ser distribuídos de forma idêntica por todos os lavradores, mas a quem avançar com projectos de modernização.

Relativamente aos 4 milhões de euros prometidos em Dezembro, vão chegar no primeiro semestre às contas dos lavradores e a atribuição vai ser feita ao litro do leite.

Na ocasião, ficou a saber-se que está agendado para Abril o Congresso Regional da Agricultura com o objectivo de chamar especialistas nacionais e europeus para debater o sector do leite e, em especial, o fim do regime de quotas leiteiras.