Felicidade, a moeda da nova economia

felicidade-bem-estarDesenvolvimento sustentável, na sua vertente social, prerroga a ideia de evolução de um cidadão ou a personificação do ideal de cidadania em relações interdependentes. Toro iniciou sua palestra afirmando a necessidade de mudança de estilo de vida para a perpetuação da espécie. “Ou mudamos e aprendemos a cuidar de nós mesmos, dos nossos próximos conhecidos ou não e passamos a nos perceber como uma espécie única e cuidamos dos nossos recursos ou pereceremos”, prevê.

 
Para tanto, segundo o filósofo colombiano, também é preciso saber cuidar do nosso intelecto, preservar a criação e a disseminação do conhecimento – que é um bem social – reciclando, reutilizando e reduzindo o que consumimos. “O melhor instrumento para cuidarmos daqueles que não conhecemos é cuidar dos bens públicos”, completa, reafirmando a necessidade de unidade de toda a raça humana.
 

Susan Andrews, por sua vez, falou sobre a obsolescência do PIB como métrica de desenvolvimento, apresentando o seu crescimento nos Estados Unidos, seu país natal, desde a década de 1940 até hoje, e também o crescimento de pessoas com depressão, suicídios, divórcios, entre outras métricas de bem estar. “O PIB americano aumentou consideravelmente, mas isso apenas deixou uma pegada ecológica que nos assombra e o nível de felicidade percentual mais baixo que na metade do século anterior”, salientou.

 
Mas o que é Felicidade Interna Bruta ou FIB? É uma métrica de desenvolvimento humano utilizada pelo Butão, país do Himalaia. Ele segue a linha de pesquisa chamada “Ciência Hedônica”, cunhada por alguns cientistas, como, por exemplo, Joseph E. Stiglitz, economista estadunidense, prémio Nobel de economia em 2001 (Stiglitz lidera e dá nome à Comissão que estuda – por encomenda de Nicholas Sarkozy, presidente da França – um novo indicador, para substituir o PIB).

 
Segundo os estudos dessa linha, riqueza traz felicidade só até certo ponto. Quando alguém sai do estado de miséria, passando por três estágios – atendimento das necessidades de sobrevivência, conforto e luxo, o nível de felicidade aumenta. Porém, a partir dessa conquista, não há mais satisfação. E o que se mostra realmente importante, afirma Susan, não é apenas o desenvolvimento económico, mas também os chamados “fatores não-materiais” como companheirismo, famílias harmoniosas, relacionamentos amorosos e a sensação de que se vive uma vida significativa, com sentimento, que se tem uma missão na vida.

 
A antropóloga acredita que o FIB reflecte uma nova economia emergente com valores de sustentabilidade. Para confirmar a defasagem do PIB como métrica de desenvolvimento, Susan usa as palavras de John F. Kennedy:
 
“O crescimento do PIB inclui poluição atmosférica, que pode ser uma tragédia.
Inclui travas especiais para as nossas portas e recursos para manter prisões para pessoas que as quebram.

Inclui a destruição de florestas e a morte dos nossos lagos.
Ele cresce com a produção de mísseis e ogivas nucleares.

Não inclui a saúde das nossas famílias nem a qualidade da educação das nossas crianças ou a alegria das suas brincadeiras.
É indiferente à segurança das nossas ruas, nem mede a beleza da nossa arte,
muito menos a estabilidade dos nossos casamentos e a postura dos nossos governantes.

O PIB mede tudo em suma, excepto aquilo que faz a vida valer a pena”.

 

 

Caio Neumann
Planeta Sustentável

Pub

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here