O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, reafirmou hoje em Leiria que se mantém a greve do dia 21 de junho, data de realização de exames nacionais, e desmentiu que haja negociações com o Governo.
“Até esta hora [13:35] posso afirmar que não há nenhuma negociação em curso, não há nenhuma reunião a decorrer nem marcada”, afirmou Mário Nogueira à agência Lusa, refutando assim declarações do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, à margem de uma cerimónia sobre os 30 anos do Programa Erasmus, em Estrasburgo.
Citado pelo Expresso, o governante disse estar em “diálogo com as organizações sindicais” e “também com outros atores que fazem parte da educação porque o caminho faz-se de diálogo e o diálogo continua”.
Mário Nogueira salientou que “se não houver respostas” da tutela às preocupações dos professores, “será realizada uma grande greve no dia 21 de junho”.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) realizou hoje de manhã, em Leiria, um plenário distrital do Sindicato dos Professores da Região Centro, onde foram discutidos vários problemas, entre os quais o descongelamento da carreira, os horários de trabalho, a necessidade de valorização da profissão de docente e o envelhecimento dos professores.
Mário Nogueira salientou a “participação significativa de docentes” neste encontro e afirmou que os professores “estão determinados, caso não haja resposta para as questões colocadas, a realizar uma grande greve”.
Segundo o secretário-geral da Fenprof, existe uma “indignação” por parte da classe, por falta de “reorganização dos horários de trabalho, o que faz com que os professores trabalhem por semana, em média, 46 horas, pois há tempo que não é contabilizado”.
Esta situação, disse Mário Nogueira, “provoca um desgaste enorme nos docentes”.
Acresce a isso o “envelhecimento enorme da profissão”. Segundo o secretário-geral da Fenprof, “não há medidas que permitam uma renovação dos docentes”.
A “precariedade” é outra das preocupações evidenciadas, pois “os professores têm muito tempo de serviço e continuam de fora do processo de vinculação do Estado”, seja “através do regime geral da função pública ou da própria profissão”.
Mário Nogueira alertou ainda para a “expectativa” que foi criada no descongelamento das carreiras em 2018, lamentando que se “verifica um incumprimento”.
Este responsável admitiu, contudo, desconvocar a greve, caso a tutela responda às preocupações dos docentes.
“Estamos disponíveis para dialogar. Não estamos a exigir nada de um dia para o outro, mas a exigir o cumprimento de respostas.”
O secretário-geral anunciou ainda que os docentes presentes no plenário aprovaram por unanimidade uma moção que será entregue ao Governo no sentido de pedir respostas.
A Fenprof confirmou no dia 06 de junho uma greve dos docentes para 21 de junho.
Segundo a Fenprof, a tutela não assumiu compromissos em relação a matérias como o descongelamento de carreiras e o regime especial de aposentação ao fim de 36 anos de serviço, sem penalizações.
Para o dia da greve estão agendadas provas de aferição de Matemática e Estudo do Meio do 2.º ano de escolaridade e exames nacionais do 11.º ano às disciplinas de Física e Química A (uma das provas com maior número de inscritos), Geografia A e História da Cultura e das Artes.
Lusa