As festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que arrancam na sexta-feira em Ponta Delgada e são uma das maiores festividades açorianas, começam a ser preparadas com “um ano de antecedência”, envolvendo “uma grande logística”.
“Começamos praticamente de um ano para o outro. Fazemos um balanço quando terminam as festas e depois reunimo-nos uma vez por mês. E quando se aproximam as festas começam as reuniões [mais frequentes], às vezes todos os dias”, afirmou o provedor da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres, Carlos Faria e Maia, em declarações à agência Lusa.
As Festas do Santo Cristo, que decorrem este ano de 19 a 25 de maio, atraem anualmente à ilha de São Miguel milhares de peregrinos de todas as ilhas açorianas e de vários pontos do país e das comunidades de emigrantes.
A mesa da Irmandade, responsável pela preparação das festas, “tem sete elementos, mas no total a organização congrega entre 500 e 600 elementos de várias idades”.
A adesão “tem vindo a aumentar de ano para ano”.
“As coisas cada vez são mais difíceis. Mas, há muita adesão dos irmãos para a preparação das festas. Os irmãos aderem sempre que apelamos”, sublinhou o provedor da Irmandade, cuja missão “é promover e divulgar o culto ao Santo Cristo e apoiar famílias carenciadas”, já que mensalmente um grupo de irmãos distribui cabazes por 30 agregados familiares.
As festas, que têm por referência a imagem do ‘Ecce Homo’, ao qual são atribuídos poderes milagrosos, são presididas este ano por Edgar da Cunha, bispo de Fall River (Estados Unidos da América), onde reside uma grande comunidade de emigrantes açorianos.
A procissão do domingo, que percorre as ruas da cidade, num percurso de vários quilómetros ornamentado por tapetes de flores, constitui um dos pontos altos do programa.
No sábado, durante a manhã, centenas de devotos do Santo Cristo percorrem de joelhos o empedrado do campo de São Francisco, no centro da cidade de Ponta Delgada, em pagamento de promessas.
Essas promessas antecedem a procissão da mudança da imagem do ‘Ecce Hommo’, oferecida às freiras Clarissas pelo papa Paulo III há mais de 400 anos e que pesa cerca de 450 quilos.
A imagem é transferida do coro baixo do Convento da Esperança para a igreja anexa.
Permanece no convento durante todo o ano, só saindo à rua no quinto fim de semana a seguir à Páscoa.
Carlos Faria e Maia adiantou à Lusa que este ano o tradicional desfile de homenagem ao Santo Cristo feito por motards, bombeiros e polícias, que era realizado no sábado, antes da procissão, passou para segunda-feira.
“O sábado é o dia do peregrino e da promessa e tem que se dar esta prioridade”, justificou, acrescentando que na segunda-feira é feriado municipal.
A capa que a imagem vai ostentar este ano na procissão de domingo só será revelada na quinta-feira em conferência de imprensa.
Lusa