Com 102 filarmónicas, os Açores são a região com mais bandas, que mantêm viva uma tradição que remonta ao século XIX e que, com as suas escolas de música, desempenham uma função cultural e social de importância unanimemente reconhecida.
Nas nove ilhas dos Açores, onde vivem 246.102 pessoas (Censos de 2011), há 102 filarmónicas, segundo dados da Direção Regional da Cultura fornecidos à agência Lusa, o que significa que, pelo menos em termos per capita, esta é a região do país com mais bandas.
“A sua distribuição pelo arquipélago é proporcional à densidade da população”, revela o mesmo organismo do Governo Regional dos Açores, que refere que há, porém, uma exceção, a Graciosa, que, “apesar da sua pequena dimensão” (4.393 habitantes), tem quatro filarmónicas.
Assim, há uma filarmónica nas Flores, Corvo e Santa Maria, quatro na Graciosa, sete no Faial, 14 em São Jorge, 25 na Terceira e 36 em São Miguel, com uma média de 40 elementos, na sua maioria jovens.
Cada filarmónica açoriana possui uma escola de música, que “engloba duas valências principais”: a iniciação musical aos seus alunos e a formação a nível superior destinada aos executantes já incorporados na filarmónica, segundo a Direção Regional da Cultura, que acrescenta que, “ao abrigo da legislação que regulamenta a educação extraescolar”, os cursos ministrados nestas escolas só podem funcionar com um mínimo de 10 a 15 formandos.
Segundo as mesmas informações prestadas à Lusa, entre 2009 e 2013 as filarmónicas receberam perto de 260 mil euros em apoios da Direção Regional da Cultura para financiar as escolas de música. No total, e no mesmo período, os apoios concedidos às filarmónicas totalizaram 1.506.751,52 euros.
“Estes apoios governamentais terão certamente contribuído para a melhoria substancial que se verificou ao longo da última década, tanto em termos de imagem como da qualidade das bandas filarmónicas açorianas, sendo assinaláveis as mudanças a nível de fardamento, do instrumental e do repertório. Também a formação dos seus maestros e o funcionamento regular dos conservatórios regionais terão sido fatores determinantes para a melhoria verificada”, considera a Direção Regional da Cultura.
A Direção Regional está, no entanto, “a concluir a elaboração dos diplomas que alteram a regulamentação através dos quais o Governo Regional dos Açores continuará a apoiar, anualmente, as atividades culturais, bem como a aquisição de instrumentos e respetivo material consumível, aquisição de fardamento/trajes por coletividades destinados à realização de projetos culturais, onde se integram as sociedades filarmónicas, as fanfarras, tunas, grupos de folclore e associações culturais que se dediquem à atividade musical constituídas em pessoas coletivas de direito privado sem fins lucrativos”.
“Pretende-se, essencialmente, que o apoio às atividades culturais seja atribuído de forma a ser privilegiado o mérito das coletividades pela ação desenvolvida na comunidade em que se encontram inseridos”, garante.
Em julho, o CDS-PP/Açores propôs a criação de um programa regional de apoio às filarmónicas, para comparticipar despesas de gestão corrente, tendo em atenção a sua “importância social e cultural” e o contexto de crise atual.
Na semana passada, também o PSD/Açores, através de um requerimento, pediu informações ao Governo Regional sobre os apoios dados às filarmónicas, na sequência de reuniões realizadas com quase meia centena de instituições de diversos concelhos, tendo “constatado nas reuniões realizadas que os apoios regionais desde há muito instituídos [.] carecem de aperfeiçoamento possível e de alargamento desejável”.
O Governo institui este ano a celebração, a 01 de setembro, do Dia Nacional das Bandas Filarmónicas.
Lusa