A presidente do Clube Vasco da Gama, do arquipélago das Bermudas, revelou hoje que existem filhos de emigrantes açorianos que podem ser deportados daquela colónia britânica devido às restrições impostas para a aquisição do título de residência permanente.
“Um dos problemas mais graves que a comunidade tem nas Bermudas diz respeito a muitas famílias portuguesas que possuem o título de residência permanente mas não têm forma de a passar para os filhos. Existem muitas crianças que estão agora a chegar aos 18 anos e não têm direitos nenhuns às Bermudas”, explica Andreia Sousa em declarações à agência Lusa.
Andreia Sousa refere que a comunidade está a desenvolver esforços junto do Governo dos Açores, cujo diretor regional das Comunidades está neste momento de visita às Bermudas, visando a sua atuação junto do governo local por forma a ultrapassar esta situação.
“Estas crianças têm cá toda a família e serão enviadas para os Açores. Esta é a sua casa, sempre viveram na Bermuda”, frisa a presidente do Clube Vasco da Gama, o único clube português existente nas Bermudas e que zela pelos interesses específicos da comunidade açoriana.
Andreia Sousa explica que neste momento existem muitos portugueses sem direitos adquiridos na sequência das restrições impostas ao nível da emigração e apenas os que se encontravam no arquipélago em período anterior a 1989, logo que salvaguardadas algumas situações, beneficiariam do título de residência permanente.
“Existem duas situações, designadamente o título de residência permanente A e B, sendo que a A permite que os direitos adquiridos possam passar para a sua esposa e filhos, o mesmo não acontecendo com o B, que não assegura que os familiares tenham direitos adquiridos face à legislação em vigor na Bermuda.”, concretiza.
Andreia Sousa aponta que de acordo com as últimas estatísticas disponíveis, cerca de 25 por cento da população nas Bermudas é açoriana ou de origem açoriana.
Paulo Teves, diretor regional das Comunidades do Governo dos Açores, destaca que a emigração açoriana para as Bermudas data do século XIX, designadamente 1846-1949 e indica que “desde então várias gerações têm-se mantido nas Bermudas”.
“Nos 50 últimos anos, temos uma presença forte açoriana. Dados oficiais que o Governo dos Açores possui revelam que emigraram para as Bermudas desde 1960 até 2012 cerca de nove mil pessoas, o que para um arquipélago com 65 mil habitantes é um peso considerável e uma representatividade muito forte”, declara Paulo Teves.
A comunidade açoriana nas Bermudas dedica-se a áreas como o turismo, restauração, construção civil e Jardinagem., sendo o seu primeiro-ministro, Craig Cannonier, de origem açoriana.
O arquipélago das Bermudas, situado no Atlântico Norte, beneficia de autonomia desde 1968, é considerado um dos maiores pontos turísticos para os norte-americanos, dada a sua proximidade do arquipélago, constituindo também um dos mais importantes destinos do turismo de cruzeiros do mundo.
Lusa