”O que Não Se Vê” (What Is Not Seen), de Paulo Abreu, rodado entre o Pico e o Faial, em 2015 e 2016, arrecadou o Prémio para a Melhor Curta Metragem Portuguesa, no XVII Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora, que encerrou domingo nesta cidade alentejana.
O júri foi unânime na escolha da obra, segundo relatou ao Açores 24Horas, a realizadora e argumentista portuguesa Anna da Palma, recordando que após o seu visionamento, “tivemos simplesmente o prazer de partilhar e discutir sobre cinema, a paixão de todos nós”.
“O filme leva-nos numa viagem pela ilha do Pico com imagens da natureza, poderosa e altamente cinematográfica. Uma viagem que nos convida a penetrar na intimidade do processo criativo de um filme, deste filme. Generoso e sensível, à flor da pele, o seu enigmático título conta-nos, apesar de tudo, imensos segredos. Sobre a criação fílmica, tão dependente dos imprevistos da vida, no seio de uma equipa de cinema”, realça Anna da Palma, reforçando que “são esses inesperados “incidentes” que criam a magia e o charme de uma obra na qual “o que não se vê” sente-se e ouve-se (maravilhosas voz-off!)”.
”O que Não Se Vê” surge quando Paulo Abreu, voltou às filmagens de uma repérage para um projecto anteriormente cancelado, para homenagear João da Ponte, produtor da ideia original – “A montanha mágica”, e que faleceu subitamente durante o período de filmagens, e que “nesta obra tão original, atrevida e corajosa” é uma “homenagem ao cinema e à amizade. À camaradagem. Sem a qual não pode haver criação”, enalteceu ainda a realizadora e membro oficial do júri, salientando que “aqui, a sintonia entre o realizador, o produtor e os técnicos é genuína, emocionante”.
“Depois do voto do júri, fui ver se a página Facebook de João da Ponte ainda existia. Ô alegria, ainda lá está! No seu último post pode ler-se ‘35mm! Já tinha saudades…’, Paulo Abreu e a sua equipa também devem ter muitas saudades deste homem com coração gigante. Apaixonado por cinema e pela vida, partiu demasiado cedo. Fica o filme. Não apenas no FIKE, mas para a posteridade, tal como João da Ponte”, concluiu Anna da Palma.
No XVII Festival Internacional de Curtas de Évora, o Prémio para a Melhor Ficção foi para o filme “Beyond is the Day”, do realizador polaco Damian Kocur. O Prémio para o Melhor Documentário foi entregue a “Son of the Streets”, de Mohammed Almughanni, enquanto o Prémio para a Melhor Animação distinguiu o filme “Ecorce”, de Samuel Patthey e Silvain Monney.
Na sessão de encerramento do XVII FIKE, o realizador André Roseira sido distinguido pelo júri com o Prémio Novos Talentos pelo filme “Carapau de Espinho” e o Prémio do Público foi entregue ao filme “Sortes”, de Mónica Martins Nunes, por escolha dos espetadores que assistiram às várias sessões de competição deste festival.
O XVII FIKE apresentou 43 filmes a concurso, provenientes de duas dezenas de países, numa edição que incluiu várias mostras paralelas e uma homenagem ao cineasta português António Pedro Vasconcelos.
O Festival de Curtas Metragens de Évora é promovido pela SOIR – Joaquim António de Aguiar, em parceria com a Câmara Municipal de Évora, contando ainda com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), da CIMAC (Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central), da Direção Regional de Cultura do Alentejo / Governo de Portugal e da Universidade de Évora.
A próxima edição do FIKE terá lugar na última semana de outubro de
2022.