O arqueólogo Élvio Sousa revelou hoje que foi posto a descoberto na ilha de Santa Maria, nos Açores, após uma semana de trabalhos arqueológicos, um forno que é, “sem dúvida”, da época dos descobrimentos portugueses.
“Esta é a primeira conclusão que se tira. Trata-se de um forno que tem uma porta ogival. O forno está completamente entulhado por dois metros de sedimentos com objetos cerâmicos alguns dos quais completamente inteiros”, explicou à agência Lusa o arqueólogo coordenador da equipa que esteve em Santa Maria.
Élvio Sousa especificou que esta descoberta tem “grande impacto” do ponto de vista nacional, uma vez que só se conhece um outro forno do género nos arredores de Lisboa.
“Com 12 ou 13 dias de trabalho arqueológico que é muito minucioso, e uma vez que não podemos tirar os sedimentos de uma forma abrupta e rápida, vamos ter que repensar a continuidade dos trabalhos arqueológicos talvez ainda para este ano”, referiu o arqueólogo.
Élvio Sousa apontou que irão decorrer paralelamente trabalhos de conservação e restauro, porque o forno está a “fornecer materiais inteiros”, alguns dos quais “desconhecidos” dos núcleos museológicos locais, o que vai obrigar a alargar a rede de investigação para estudar a cerâmica dos Açores.
“O forno localiza-se em plena Rua dos Oliveiros, tal como é descrito por Gaspar Frutuoso no século XVI. É uma mais-valia, um equipamento industrial utilitário que vem do mesmo período do casario medieval de Vila do Porto”, concretizou.
Na sua leitura, esta é uma descoberta “bastante significativa” e que vem “colocar” a ilha de Santa Maria no “roteiro dos descobrimentos” portugueses.
O presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto, Carlos Rodrigues, sublinhou que se está a falar de um “monumento”.
“Não há dúvida nenhuma de que se trata de um grande achado. Os arqueólogos já previam o seu valor. Esta é uma grande mais-valia para Santa Maria, para os Açores e, segundo os mesmos arqueólogos, para o país, uma vez que estamos a falar do segundo exemplar existente em Portugal”, concluiu o autarca.
Os trabalhos arqueológicos decorreram com o patrocínio da Câmara Municipal de Vila do Porto e do Grupo SATA e a colaboração do CHAM – Centro de História de Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores.
Lusa