O presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, Francisco Coelho, apelou hoje para a capacidade de resistência dos açorianos à crise, mas alertou contra ataques à autonomia regional para impor “pretensas uniformidades” na sequência da situação na Madeira.
“Devemos estar especialmente atentos aos ataques à autonomia que aí vêm. Em nome da crise, das pretensas uniformidades que se impõem, dos eventuais desmandos que aconteceram ao lado”, afirma Francisco Coelho na tradicional Mensagem de Ano Novo.
Para o presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, “a autonomia é diferença que se impõe pela diversidade que as realidades consagram”, defendendo que os açorianos “apenas devem responder” por aquilo que fizeram.
“A autonomia deve estar acima e resistir à vulgata financeira e burocrática que parecem dominar os tempos que correm”, considera Francisco Coelho, frisando que “defender a autonomia é defender as discriminações positivas que nos fazem justiça e possibilitam viver (nos Açores) com dignidade”.
Na sua mensagem aos açorianos, recorda que “os tempos que atravessamos são tempos de crise e de incerteza”, defendendo que é necessário “persistir e resistir com esperança, trabalho e coragem”, mas também com “determinação e arrojo”.
“Não bastam as lamúrias solidárias, conformadas com uma pretensa fatalidade inexorável. Há que tomar consciência que o período que atravessamos não tem necessariamente que ser assim”, defende Francisco Coelho.
Para Francisco Coelho, “a crise não pode servir de pretexto para uma regressão civilizacional, em que conquistas de quem trabalha, às vezes com mais de um século, sejam pura e simplesmente banidas, em nome de forças indeléveis que não podemos nem devemos aceitar”.
“A encruzilhada em que nos encontramos é uma crise que só pode ser de crescimento, que reclama e convoca ao arrojo das grandes decisões e de novas soluções”, defende Francisco Coelho, para quem a saída da crise é “um caminho que só pode ser feito com o acervo civilizacional que a Europa penosa e laboriosamente construiu e que fez dela, sob todos os pontos de vista, o lugar menos injusto para se viver à face da Terra”.