Sete equipas dos Açores marcaram presença no campeonato regional.
Centro de actividades ocupacionais da Madalena do Pico levou a São Miguel atletas que saíram da ilha pela primeira vez.
Associação Seara do Trigo, Associação Aurora Social, Casa de Saúde de São Miguel e os centros de actividades ocupacionais das santas casas da Calheta de São Jorge, Madalena do Pico e Horta marcaram presença numa competição que reuniu cerca de uma centena de atletas e que estreitou laços de amizade entre cidadãos portadores de deficiência mental.
A premissa de que o desporto pode e deve ser para todos saiu reforçada neste evento de âmbito regional que proporcionou a muitos atletas experiências diferentes, sendo que para muitos deles foi a primeira vez que saíram da ilha de origem.
Do Pico veio o centro de actividades ocupacionais da Madalena, equipa orientada por Carla Tomás, uma jovem natural da ilha montanha licenciada em Motricidade Humana que vive de forma apaixonada o desporto. A presença no campeonato regional de futsal adaptado foi, para muitos dos seus atletas, um momento único nas suas vidas.
«O campeonato representa a possibilidade de demonstrarem à sociedade todo o trabalho que é desenvolvido ao longo do ano e darem um passeio fora da ilha que para alguns deles é uma novidade. É também uma oportunidade para poderem conviver e desfrutar de experiências com colegas de outras ilhas e estarem longe das famílias, o que para muitos é inédito e motivo de euforia e alegria», disse Carla Tomás.
Os jogos constituem um dos diversos factores de integração e é habitual ver-se nestes atletas uma propensão a imitarem comportamentos que vêem noutros, comportamentos que na sua maioria são adquiridos através da televisão. Por isso, é natural que reajam com «nervosismo» a um ambiente de bancadas cheias de espectadores mas também revelam «entusiasmo» porque querem mostrar as suas capacidades.
Mais importante que o desporto em si está em a integração social e Carla Tomás realça que eventos deste género «ajudam à integração porque tanto o desporto como a cultura possibilitam-no de forma ampla e reforçam o reconhecimento deles enquanto pessoas que têm direito às mesmas oportunidades».
Chegar a um torneio regional não é complicado porque a presença é mediante convite, o mais difícil é preparar os jogadores para as regras da modalidade que vão praticar. A coordenadora e treinadora do centro de actividades ocupacionais da Madalena do Pico aponta algumas dificuldades.
«Estamos a trabalhar com pessoas com deficiência mental e como o futebol é um jogo de equipa por vezes é difícil transmitir algumas estratégias. Para a maioria a bola rola à frente e eles correm atrás. É preciso muito trabalho e persistência e as condições nem sempre são as melhores porque no Pico temos um pavilhão que serve toda a população estudantil do concelho da Madalena e fica disponível pelas 16.00 horas, altura em que eles têm de ir para casa», referiu.