“Felizmente ao fim de quatro anos e meio somos forçados a parar para pensar sobre o futuro do nosso País e da nossa Região. Tenho um discurso de improviso para fazer. E o discurso mais breve que se pode fazer, relativamente ao Governo que tivemos em Portugal, nos últimos anos, é só este: não prestou para nada”.
Foi assim que Félix Rodrigues, cabeça de lista do CDS-PP às Eleições Legislativas de 27 de Setembro, se dirigiu aos cerca de 250 militantes e simpatizantes do Partido que se reuniram num jantar, sexta-feira á noite, na freguesia dos Rosais, em São Jorge, que serviu para a apresentação dos candidatos autárquicos do Partido e onde esteve também o Presidente do CDS-PP Açores, Artur Lima.
Ora, disse Félix Rodrigues, porque o Governo “não prestou para nada”, é por isso que “estou aqui a dar a cara por um projecto e a falar de coisas que nunca pensei falar. Claro que sei falar de educação. Sou professor e senti na pele a perseguição feita aos professores. Chocou-me a política de educação. Trabalho no Departamento de Ciências Agrárias na Universidade dos Açores e chocou-me a falta de política para a agricultura. Tenho dois filhos para educar e custa-me ver que não há uma lógica de defesa da sustentabilidade para as das gerações vindouras”, lamentou.
Mas não se ficou por aqui o candidato centrista: “Senti na pele quando me roubaram o primeiro rádio do carro, o segundo e o terceiro. Revoltado fiquei quando me roubaram dois pneus. Ou seja, quando vejo a roubar aquilo que nós temos, fico revoltado com a justiça que temos neste País, porque vamos dar queixa e ficamos mais tempo a preencher papéis na esquadra do que o bandido”.
“Fico revoltado quando vejo gente que trabalha sete horas por dia, ganha 450 euros por mês, quando faz horas extras o Governo fica com elas e há gente que não faz nada e ganha 800 euros por mês. Estes deviam trabalhar 14 horas por dia. Não somos contra o rendimento mínimo, mas somos contra os abusos que se verificam”, advertiu.
Considerando que a governação socialista do País foi uma governação de “injustiças”, Félix Rodrigues ironizou para fazer mais uma crítica: “Querem um TGV. Para que é que queremos um TGV? É simples! É para sairmos mais depressa do País e irmos encontrar trabalho para Espanha”.
Outra crítica, outro alerta, “o País está dependente de países terceiros em termos alimentares. Se houver uma crise alimentar o País passará fome. E isto porque o Governo não apostou na agricultura e nas pescas. Nem sequer as esmolas que a Europa dá são aproveitadas. Portugal devolveu dinheiro à Europa que era para investir na agricultura. Se usassem o dinheiro da Europa, hoje tínhamos mais água para a lavoura, mais postos de trabalho, mais agricultura”, alegou.
Num discurso rápido, mas muito aplaudido, Félix Rodrigues lamentou, ainda, a falta de ideias manifestada por alguns partidos nesta campanha eleitoral e os argumentos falaciosos que se usam para tentar ganhar eleições. “Quando não se tem ideias não se debate. No nosso sistema democrático ninguém vota para o Primeiro-Ministro. Vamos votar nos representantes dos Açores na Assembleia da República. Ninguém vota em Sócrates nos Açores. Ele concorre por Castelo Branco. Ninguém vota em Ferreira Leite nos Açores, ela concorre por Lisboa”.
Entretanto, outro apelo foi feito pelo candidato democrata-cristão. “As pessoas abstêm-se. Sessenta por cento dos Açorianos não votam. Se estes Açorianos votarem no CDS-PP elegeremos quatro novos deputados dos Açores. A mudança está quando agente quer mudar e quando se vê alternativa. Não nos podemos demitir de cumprir o nosso dever cívico. Não podem extinguir a Democracia na nossa terra. As próximas eleições são, por isso, fundamentais para assegurarmos o futuro dos nossos filhos”.
A rematar, Félix Rodrigues afirmou que os populares “não compactuam com compadrios”, uma vez que “defendemos que quem tem mérito tem que avançar”. E disse: “Há alternativas. Em Democracia não somos todos iguais, porque se fossemos todos iguais estávamos todos no PS ou no PSD. E não é verdade, porque quem não anda à procura de tachos está no CDS-PP”.
Já Artur Lima, Presidente dos centristas regionais, elogiou as listas de candidatos que o CDS-PP apresenta aos próximos actos eleitorais, sejam eles as Legislativas ou as Autárquicas. No jantar onde foram apresentados os candidatos autárquicos do Partido em São Jorge, Lima elogiou as listas compostas por “gente competente, nova e independente que acredita em projectos, que acredita em ideias e que tem convicções”.
Isto porque, salientou, “o CDS não atrai ninguém que queira poleiro, porque não temos poleiros. Temos apenas trabalho para oferecer a quem quer colaborar connosco”.
Lima acentuou, ainda, que “o CDS está a fazer uma campanha esclarecedora, com ideias, com propostas ao contrário de PS e PSD que andam a discutir sobre quem é mais amigo dos Açores: se Sócrates ou se Ferreira Leite”.
Porém, chamou à atenção: “É muito difícil para o CDS-PP, porque nós não temos areia, não temos cimento, não temos blocos, não temos janelas de alumínio, nem temos plasmas”. Mas, acrescentou, “temos independência, persistência e competência para trabalhar pelos Açores e para defender os Açores na Assembleia da República”.
Lima frisou que os centristas fazem “política com ética, com seriedade, para as pessoas e não para os amigos, como acontece por aí. É, por isso, cada vez mais importante eleger gente do CDS-PP”, concluiu.
Para o líder regional, “é preciso premiar o mérito e a competência”, facto que o levou a apelar para que os eleitores “pensem bem”, uma vez que, considerou, “não temos dúvidas que um voto no CDS-PP é um voto de confiança, um voto sensato” e que “há cada vez mais pessoas a pensar como nós”. No entanto, advertiu, “não basta só pensar com nós”.
Artur Lima dedicou ainda alguns minutos para falar de outros temas. O emprego/desemprego foi uma das principais preocupações. Referindo dados da OCDE, o líder democrata-cristão apontou que “até ao próximo ano vai aumentar em 110 mil o número de desempregados (num total de 610 mil desempregados)”, lamentando também o facto de “a taxa de desemprego de jovens licenciados em Portugal ser de 41 por cento”.
Virando agulhas para o que designou de “Rendimento Socialista de Inserção”, Lima afirmou que “o CDS-PP não é contra o RSI”, quer “é acabar com 25 por cento de abusos (cerca de 125 milhões) para aumentar as pensões aos nossos idosos que hoje são os pobres do nosso País”.
Relativamente aos transportes, nomeadamente quanto ao facto de os Açorianos “pagarem as tarifas aéreas mais caras do mundo”, o Presidente popular lembrou à sala que, no ano passado, no Parlamento Nacional, o seu partido “fez uma proposta para eliminar as taxas de combustível das passagens”.
E o resultado foi: “Sabem como é que o PS votou? Contra! O PS não quis passagens mais baratas para os Açorianos. O PS limita-se, escandalosamente, a financiar a TAP e SATA, em vez de baixar as passagens para os Açores”.