O Governo dos Açores quer chegar aos 61% de energias renováveis em 2026, revelou hoje a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, destacando os 180 milhões de euros de investimento previsto pela EDA – Eletricidade dos Açores.
“Temos à volta de 40,2% de energias renováveis em toda a região. O objetivo é 61% em 2026. Atingiremos isso com o investimento da EDA, de 180 milhões de euros, em energias renováveis e baterias, com a incineração de resíduos, ampliação de parques eólicos públicos e privados, mas também com a produção descentralizada, a que diz respeito às pessoas, que têm agora o programa Solenerge [programa de apoio ao aumento da produção de energia eólica e fotovoltaica]”, afirmou Berta Cabral no plenário da Assembleia Legislativa.
A governante falava numa sessão de perguntas agendada pelo PAN sobre a estratégia regional para a energia, durante a qual tanto este partido como o BE e o PS acusaram o atual executivo (PSD/CDS-PP/PPM) de recuos em matéria de energias renováveis.
Perante a acusação da deputada socialista Sandra Dias Faria relativamente ao “retrocesso em políticas de energia”, a secretária regional alertou que a estratégia açoriana para a energia deixada pelo governo do PS “não está aprovada”.
“As metas não foram cumpridas pelo vosso governo. A estratégia tem de ser toda revista. Será revista, com realismo, porque é com realismo que atingimos metas. Não é com ambições megalómanas a achar que se chega aos 80% daqui a um ano ou dois. A estratégia está a ser ultimada, a ser revista para atingir metas razoáveis”, observou.
Berta Cabral assumiu, contudo, que “é preciso acelerar e fazer mais”, mas o executivo PSD/CDS-PP/PPM não tem estado parado.
“A Graciosa é uma ilha modelo com vários investimentos. E a EDA tem, até 2026, previsto um investimento de 180 milhões de euros só em energias renováveis. É um investimento muito robusto e a EDA é o braço armado do governo na implementação das energias renováveis”, afirmou.
Relativamente a incentivos à mobilidade elétrica, a governante indicou existirem “poucos” pontos de carregamento de viaturas.
“Há 47 e [mais] 40 para instalar. Eu diria que, quando uma família decide adquirir um veículo elétrico tem de acautelar carregá-lo nas horas de vazio na sua habitação”, disse Berta Cabral.
A secretária regional referiu ainda o apoio de 4.550 euros à aquisição de viaturas elétricas, admitindo que o preço daqueles veículos “é bastante superior e a confiança das pessoas não é muita”.
“Em termos de autonomia instala-se receio na sociedade em geral”, observou, considerando que o mesmo se passa relativamente ao investimento nos transportes coletivos de passageiros.
“Em zonas urbanas ou metropolitanas, já existem alguns veículos de transporte coletivos elétricos. Noutros locais é difícil ter confiança nos autocarros para fazerem esses percursos. É um processo que ainda levará algum tempo”, disse.
A governante indicou também que a ilha das Flores “é a segunda ilha” do arquipélago “com mais energias renováveis”.
Berta Cabral disse estar disponível para “ir mais longe” e “ter outro tipo de medidas”, justificando que o plano nacional de poupança de energia, “neste momento, não é ajustado à realidade” dos Açores.
Tal deve-se, em parte, ao facto de a região não ser dependente do gás, a não ser do butano, devendo a solução passar pela “eletrificação dos consumos domésticos”.
“Não adotamos o plano nacional. Estamos disponíveis, se necessário, para estruturar um plano regional de poupança de energia”, afirmou.
Lusa