O Governo dos Açores anunciou hoje um reforço dos apoios aos criadores de gado da Graciosa, para compra de alimentos para os animais, por causa do impacto da seca, depois um inverno rigoroso, nas pastagens da ilha.
Os efeitos da seca nas pastagens de toda a região levaram o Governo açoriano a atribuir, no final de julho, um apoio aos agricultores para a aquisição de 10 mil toneladas de alimentos fibrosos para o gado, definindo um ‘plafond’ por ilha.
Segundo uma nota da Secretaria Regional dos Recursos Naturais enviada à agência Lusa, há apoios para compra de cerca de 7.300 toneladas de alimentos que ainda não foram usados e “que podem ser redistribuídas pelas ilhas que mais necessitem”.
Nesse contexto, o executivo regional “decidiu triplicar a quantidade de alimentos fibrosos destinada à Graciosa”, que passa de 100 mil para 300 mil toneladas.
Este apoio traduz-se na comparticipação de 7,5 cêntimos por quilo (30% do custo) de alimentos, “que permite que o valor da fibra vendida pela cooperativa agrícola da ilha seja de 18 cêntimos por quilo”.
A seca dos últimos meses nos Açores sucede a um inverso rigoroso, o que está a agravar, segundo os agricultores das ilhas, o problema da alimentação do gado.
Na mesma nota enviada hoje à Lusa, o Governo Regional diz que “considerando que este se tem revelado um ano atípico em termos climatéricos com graves prejuízos para as pastagens e que esses prejuízos poderão espoletar um efeito em cadeia do aumento dos custos de produção em toda a fileira do leite e da carne (produção, indústria e até comercialização)”, caso “o atual cenário se mantenha, irá no outono ser ativada uma ajuda à importação de alimentos para gado”.
Na sexta-feira, dirigentes de associações de agricultores da Graciosa reivindicaram, em declarações à RTP/Açores, mais ajuda do Governo da região, sublinhando que não chove na ilha há quatro meses, as pastagens estão secas e não dispõem de reservas de erva ou outros alimentos para o gado dado o inverno rigoroso.
Segundo as mesmas declarações, a ajuda do Governo Regional para compra de alimentos fibrosos não é suficiente e pedem apoios à importação de fenos e palhas, por exemplo, referindo um deles que é provável que haja já animais a morrer.
Também o presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, já defendeu a “necessidade” de o Governo açoriano “aumentar necessariamente” as verbas disponibilizadas.
“As verbas que foram disponibilizadas não são suficientes. Houve sempre a expectativa de que o tempo viesse a melhorar. Durante um dia ou dois até choveu em alguns sítios, mas na maior parte das ilhas, e mesmo a nível de São Miguel, há zonas completamente secas sem qualquer tipo de produção de erva e as produções de milho nem atingem os 50 por cento”, afirmou Jorge Rita, em declarações à Lusa a 20 de agosto.
No dia 21, o Governo dos Açores anunciou que a União Europeia autorizou o adiantamento do pagamento de 16 milhões de euros de fundos comunitários aos agricultores da região por causa da seca e do mau tempo no inverno passado.
Para o presidente da Federação Agrícola dos Açores, os “efeitos dramáticos” da seca nas ilhas exige porém uma “ajuda adicional” da UE.
Lusa