Governo satisfeito com decisões da comissão de gestão da pesca do atum no Atlântico

O Governo Regional dos Açores considerou hoje positivas as decisões adotadas em Istambul, na Turquia, pela Comissão Internacional para a Conservação dos Atuns do Atlântico (ICCAT), alegando que favorecem a pesca de tunídeos desenvolvida pela frota açoriana.

A ICCAT, além de manter sem qualquer limitação em 2012 a captura de atum bonito, a espécie com maior rendimento na região e que abastece a indústria conserveira do arquipélago, aprovou também um plano plurianual de gestão que poderá traduzir-se numa melhoria das reservas de atum patudo, com benefícios a prazo para as pescarias açorianas, afirmou Marcelo Pamplona, subsecretário regional das Pescas, em declarações à Lusa.

Segundo Marcelo Pamplona, o plano plurianual que vai ser implementado entre 2012 e 2015 visa a proteção no Golfo da Guiné de juvenis da segunda espécie de tunídeos com maiores capturas nos Açores.

“Porque a frota açoriana não dispõe de cercadores nem utiliza dispositivos técnicos de agregação de atuns, fica fora das novas medidas de proteção, beneficiando de melhoria do ‘stock’ de patudo, uma vez que, havendo mais peixe, maior é a probabilidade da sua passagem pelo arquipélago”, frisou.

A ICCAT, enquanto entidade internacional gestora das capturas de atum no Atlântico, fixa as possibilidades de pesca para os vários operadores (países ou associações de países), cabendo à Comissão Europeia a redistribuição de quotas pelos estados-membros com base no historial de pesca das frotas comunitárias face aos limites autorizados.

Para o caso do atum patudo, o subsecretário das pescas salientou que Portugal deverá manter em 2012 a quota de 5.050 toneladas estabelecida para este ano, prevendo também a continuação do limite das capturas nacionais de atum voador nas 2.530 toneladas.

No próximo ano, os pescadores portugueses deverão ainda manter uma quota de espadarte de 1.480 toneladas, indicou Marcelo Pamplona.

Numa reação às decisões da ICCAT, o secretário-geral da Associação dos Armadores de Pesca de Atum dos Açores (APASA), Pedro Capelo, considerou “pouco adequado” o estabelecimento de limitações de capturas para os tunídeos, alegando tratar-se de espécies migradoras, com uma passagem irregular pelas águas do arquipélago.

“Há anos que não atingimos a quota, mas este ano, por exemplo, atingimos o limite de capturas de patudo e fomos obrigados a interromper as pescarias da espécie”, afirmou Pedro Capela em declarações à Lusa.

O dirigente da APASA, que agrupa 19 armadores que se dedicam em exclusivo à pesca de tunídeos, considerou, porém, que esse não é o principal problema da atividade, que enfrenta especiais dificuldades resultantes do agravamento dos custos operacionais, nomeadamente com combustíveis e tripulações.

“Não nos preocupa a falta de peixe, uma vez que já estamos habituados às mudanças na passagem dos atuns pelos Açores”, referiu.

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