O secretário-geral designado das Nações Unidas, António Guterres, agradeceu na segunda-feira aos portugueses as lições de “solidariedade, tolerância e diálogo” que recebeu ao longo da vida, destacando a unidade política nacional à volta da sua campanha.
No final de um dia em que prestou juramento na sede das Nações Unidas como secretário-geral, e numa receção oferecida pelo Presidente da República português para cerca de 800 pessoas, António Guterres fez questão de fazer um discurso mais pessoal.
“Este é o momento em que desejo expressar a minha profunda gratidão para com o meu país”, afirmou.
Referindo-se ao primeiro-ministro, António Costa, como seu “querido amigo” e ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como “velho amigo”, Guterres classificou-os como “os seus mais entusiasmados apoiantes” e agradeceu o apoio de todos os partidos políticos.
“Esta unidade, dos portugueses e do seu sistema político, é simbólica do tipo de unidade que gostava de ver na comunidade internacional”, disse.
O antigo primeiro-ministro socialista agradeceu ainda ao povo português pelo que aprendeu ao longo da vida sobre “os valores da solidariedade, tolerância e dialogo” e exemplificou com a relação entre o chefe de Estado e chefe de Governo, que segunda-feira estiveram presentes em Nova Iorque na cerimónia de juramento e, à noite, na receção.
“O primeiro-ministro e o Presidente da República pertencem a partidos diferentes, mas estão ambos aqui: mais do que as palavras, a sua linguagem corporal mostra como estão unidos”, destacou.
O futuro secretário-geral das Nações Unidas, que iniciará funções em 01 de janeiro, deixou ainda um elogio ao sistema político português, lembrando as eleições legislativas e presidenciais em que estes dois atores políticos foram eleitos.
“Ambos foram eleitos em eleições ferozes e muito disputadas. Mas nessas eleições, nenhuma força política, da esquerda ou direita, usou o medo ou o ódio para ganhar votos”, afirmou.
António Guterres expressou ainda o seu orgulho de que em Portugal “todos os partidos políticos, direita ou esquerda, tenham sido sempre capazes de expressar as suas opiniões sem usar como bodes expiatórios” os imigrantes.
“Seria muito fácil para qualquer partido político dizer: vote em nós, porque vamos livrar-nos dos imigrantes e, com base nisso, criar trabalhos para os portugueses (…). Temos visto este tipo de discurso em todo o lado. Tenho muito orgulho de vir de um pais que não usa este tipo de discurso para ganhar votos”, acrescentou.
“São estes valores de solidariedade, diálogo e tolerância, que agradeço muito ao meu povo me ter ensinado e que consegui preservar em todos estes anos que me trouxeram até este dia, aqui, convosco”, concluiu.
Lusa
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