O presidente do Conselho de Administração do BANIF, Horácio Roque, considerou ontem “saudável” para o mercado bancário açoriano a entrada de uma instituição de crédito como o Barclays em Ponta Delgada.
“Estamos habituados a trabalhar em concorrência. Portanto, é mais um concorrente. É bom. É saudável para o mercado as pessoas terem um leque de escolha maior. Como costume dizer, quem tem unhas toca guitarra”, palavras do comendador Horácio Roque.
O presidente do conselho de administração do BANIF deixou claro que encara com naturalidade a entrada do Barclays nos Açores. “Vivemos num mercado aberto, num mercado concorrencial e estamos habituados a isso”, sublinhou.
Quando questionado sobre as contas do BANIF Açores no final deste ano, Horácio Roque respondeu que, tal como o BANIF a nível nacional e a maioria dos bancos do país, os resultados “não serão muito famosos”.
“Quase todos os bancos desceram os seus resultados. E o que equilibrou os de algumas instituições tem sido a área internacional. Para nós esta área teve um contributo significativo. A nossa actividade no Brasil, nos Estados Unidos, em Cabo Verde e nos outros países onde estamos, teve um contributo significativo porquanto as margens a nível nacional reduziram bastante além do crédito vencido que, também, é muito prejudicial para a exploração”, sublinhou.
Horácio Roque admitiu, a propósito, que “há muita sinistralidade em termos de crédito” em Portugal e quando procuramos saber em que proporções esta sinistralidade aumentou nos Açores, a sua resposta é que “aumentou em todo o mundo, mas a nível nacional deve ter multiplicado”.
“Até ao fim do ano o crédito vencido deve multiplicar no país em relação ao ano anterior”, afirmou o presidente do conselho de administração do BANIF.
E a perspectiva de Horácio Roque para o próximo ano não é optimista. “2010 será também um ano difícil para a banca e para os outros negócios”, acentuou.
No seu entender, “enquanto não começar a haver investimento a sério para que se crie emprego, vai ser difícil sairmos da situação em que vivemos. É, de facto, uma situação de pressão diária em todos os negócios”.
“Quanto não há investimento, não há consumo, não há dinheiro em movimento”, realçou.
É de opinião que, nesta fase, o governo “pouco pode fazer” até porque, entende, “o governo não se pode substituir ao sector privado, não se pode substituir aos empregados. São eles, ao fim e ao cabo, que têm obrigação de dinamizar a economia. Para isso é necessário que a economia responda, é necessário que haja consumo, é necessário que tudo funcione normalmente. E, infelizmente, há cerca de dois anos que as economias mundiais não estão a funcionar normalmente”.
Horácio Roque prestou estas declarações aos jornalistas à margem de uma cerimónia de entrega de donativos a quatro instituições particulares de solidariedade social dos Açores.
Uma nota informativa distribuída à comunicação social realça que o envolvimento do BANIF em causas sociais “tem sido constante, ao longo dos anos, tornando-se mais específico no Natal”, altura em que atribui donativos às IPSS’s com “obra meritória no âmbito social e humanitário, com o intuito de mitigar problemas de carências a vários níveis”.
Nos Açores este apoio tem sido dado “de forma rotativa e equitativa”. Este ano, o donativo de cinco mil euros foi para a “Autora Social”, em São Miguel; para o Centro Sócio-cultural de São Pedro, em São Miguel; Centro de bem-estar Social da Paróquia de Santa Cruz das Flores; e Casa de Repouso João Inácio Sousa, em São Jorge.
“É uma obrigação poder colaborar com aqueles que mais precisam e, ao mesmo tempo, uma atitude de reconhecimento para com as pessoas que dão o seu dia-a-dia para um trabalho que é muito meritório e para que outras pessoas se sintam, de facto, apoiadas no trabalho que estão a realizar”, sublinhou, na altura, Horácio Roque.
Deixou aos responsáveis pelas instituições de solidariedade social “saúde e força para continuarem a desenvolver a acção que têm empreendido”.
“Este é tempo ideal para se mostrar solidariedade, amizade e estima para com os outros”, completou o presidente do conselho de administração do BANIF, para quem “respeitar as tradições é reforçar a cultura do grupo”.
Lançada em 2001, esta iniciativa já movimentou 150 mil euros distribuídos por 30 projectos de solidariedade social nas diferentes ilhas da Região.
in CA